Com o tema 120 anos sem abolição no Brasil, a 29ª Marcha de Zumbi dos Palmares levou milhares de pessoas às ruas do Centro de Salvador, no final da tarde de ontem, Dia Nacional da Consciência Negra. A caminhada homenageou o líder do quilombo símbolo da resistência negra, Zumbi, que morreu em 20 de novembro de 1695.
Militantes e ativistas, ao som de trios elétricos, reivindicaram melhores condições de vida para a população negra, como educação de qualidade, salário digno, fim da discriminação e do preconceito e mais oportunidade no mercado de trabalho.
Os manifestantes aproveitaram também para vestir roupas tradicionalmente africanas, colorindo a marcha.
A atividade contou com as presenças da Unegro, Conen (Coordenação Nacional das Entidades Negras), diversos colégios de Salvador e sindicatos, como o dos Bancários da Bahia e dos Comerciários, além da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), que lançou manifesto em apoio ao movimento.
Consciência e democracia
A Marcha Zumbi dos Palmares, ontem, reuniu milhares de pessoas em um coro pelo fim da desigualdade e por justiça social. Afinal, a população negra foi historicamente oprimida e, ainda hoje, enfrenta muita dificuldade para ingressar no mercado de trabalho, ocupando, na maioria dos casos, cargos subalternos, que exigem pouca escolaridade.
De acordo Renato Barbosa, vendedor, a data serve para lembrar a importância de garantir mais emprego, educação, oportunidades de trabalho e igualdade de tratamento. “O negro tem de se valorizar e mostrar que é inteligente e capaz, assim como os de pele não negra se julgam. A gente jamais pode aceitar ser discriminado”.
A degradação do ensino público também foi denunciada pelos movimentos sociais. Segundo a estudante Jucimara Santos, o governo precisa investir em políticas públicas. “É preciso melhorar o ensino médio para garantir a presença de negros na universidade”.
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