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Saiu na Imprensa

  13/11/2008 

Juros superam gastos com saúde e educação

Em sete anos, o País pagou R$ 1,27 trilhão em juros, mais que o dobro dos gastos com saúde, educação e investimentos

Brasília. O Brasil pagou em juros do endividamento público mais do que o dobro dos gastos com educação, saúde e investimentos somados entre 2000 e 2007, de acordo com estudo do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) divulgado ontem.

Segundo o levantamento, feito com base em dados do governo, os juros responderam pelo desembolso de R$ 1,267 trilhão de 2000 a 2007. No mesmo período, os gastos com saúde (R$ 310,9 bilhões), educação (R$ 149,9 bilhões) e investimentos (R$ 93,8 bilhões) somaram R$ 554,6 bilhões.

De acordo com o estudo, não apenas os desembolsos devem ser observados, mas também ´a qualidade do gasto público´´. Os juros, por exemplo, responderam por 7% ao ano, em média, do total da renda nacional.

´Ademais de poder ser considerado um gasto improdutivo, pois não gera emprego e tampouco contribui para ampliar o rendimento dos trabalhadores, termina fundamentalmente favorecendo a maior apropriação da renda nacional pelos detentores de renda da propriedade (títulos financeiros)´´, afirma o Ipea. Entre 2000 e 2007, os gastos da União com saúde, educação e investimentos corresponderam a 43,8% do total das despesas com juros.

Desigualdade

O estudo faz parte da pesquisa sobre as desigualdades no Brasil e a participação da renda do trabalho no capital nacional. A conclusão do trabalho é que a desigualdade pessoal está em queda. No entanto, a chamada desigualdade funcional (que envolve a renda do trabalho) sofreu brutal recuo em sua participação na renda nacional entre 1996 e 2004. Desde então, vem subindo, mas apenas deve se igualar aos níveis de 1990 (45,4%) em 2011, se mantiver a curva de crescimento de 4% ao ano.

Segundo Márcio Pochmann, presidente do Ipea, a estimativa levou em conta um cenário otimista, que desconsidera o efeito da crise econômica. ´Nesse ritmo de crescimento, o rendimento do trabalho deve voltar à mesma situação já verificada em 1990 somente 21 anos depois do recrudescimento no movimento de piora da distribuição funcional da renda no País´, diz o estudo.

´Todos os países desenvolvidos têm participação da renda dos trabalhadores acima de 60%. Nos anos 50, os salários no Brasil representavam 56% do PIB, bem mais do que os 45,4% registrados em 1990´, ponderou Pochmann. Na comparação entre os mais pobres e os mais ricos, porém, o estudo aponta uma queda na diferença. Com isso, houve redução de 10,1% no chamado índice de Gini (que mede o nível de concentração da renda, de 0 a 1), de 0,600 para 0,528, entre 1990 e 2007. Segundo o Instituto, a redução no índice de Gini esteve condicionada tanto pela elevação dos rendimentos na base da pirâmide social brasileira como também pela diminuição real nas remunerações dos ocupados nos principais postos de trabalho do País. No período em referência, o rendimento médio mensal real dos 10% mais pobres cresceu 44,4% (de R$ 67, em 1990, para R$ 97, em 2007), enquanto os 20% mais pobres aumentou 16,5% (de R$ 202 para R$ 236, no mesmo período). Os valores foram atualizados para 2007. Já em relação aos 10% dos ocupados melhor remunerados, o rendimento médio mensal real registrou perda de 9,8% (R$ 4.559 em 1990 para R$ 4.114 em 2007). Para o 1% dos ocupados com maior rendimento, a queda foi maior, de 12,7% (de R$ 13.604 para R$ 11.878), entre 1990 e 2007.

OPINIÃO
Mercado menos desigual

CARLOS MANSO
Pesquisador do LEP/UFC

Analisar esses resultados é difícil. Parece-me que o Ipea utilizou uma metodologia confusa, por ter duas bases diferentes, a Pnad e o PIB. De modo geral, podemos afirmar que quanto mais o brasileiro tirar sua riqueza do trabalho, tanto melhor. Isso representa menos gente ganhando pensão, aposentadoria, ou seja, uma pressão menor sobre a Previdência. O fato de a renda estar mais homogênea também é significativo, é uma vantagem que mostra um mercado de trabalho menos desigual. Apesar de algumas flutuações, verificamos o crescimento do rendimento do trabalho a partir de 2004, junto com a recuperação do mercado de trabalho que aconteceu a partir desse ano.

As boas notícias do emprego revelam uma ligação com a educação. A escolaridade aumentou nos últimos dez anos no País, mas o rendimento não acompanhou; aumentou, mas não na mesma velocidade. Se o trabalhador não está conseguindo transformar escolaridade em renda, há a suspeita de que seja por má formação, ou seja, a escolaridade aumenta, mas sem qualidade. Por isso, se torna preocupante que o País não esteja investindo na educação o necessário.

 

Fonte: Jornal Diário do Nordeste
Última atualização: 13/11/2008 às 15:18:00
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