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Saiu na Imprensa

  03/11/2008 

Dilger: acabaram as Repúblicas de Bananas na América Latina

Amparado pela crítica do presidente equatoriano, Rafael Corrêa — ''A Banana Republic acabou'' —, o jornalista Gerhard Dilger analisa, direto de El Salvador, o fim da Cúpula Ibero-Americana. Segundo Dilger, o evento foi marcada pelo novo papel que assumem os países emergentes.

Brasil, México e Argentina, por exemplo, prometeram interceder junto aos Estados Unidos para que a Espanha seja convidada à reunião do G-20, que discutirá em Washington, neste mês, a crise econômica. 

O fim das Repúblicas de Bananas

Por Gerhard Dilger, no blog Cúpula Ibero-americana 2008
(publicado pelo Terra Magazine)

“A América busca voz em uma reforma econômica — Brasil, México e Argentina levarão a mensagem ao G-20”. Em sua capa de sábado, o diário salvadorenho La Prensa Gráfica resume bem o tema real e o resultado principal desta Cúpula.

Normalmente os mega-encontros presidenciais não são exatamente apaixonantes. As declarações são preparadas antecipadamente. Cada um dos participantes trata de vender sua imagem, e muitas vezes os jornalistas estão mais interessados no que “seu” chefe de Estado tem a dizer sobre assuntos nacionais que no evento mesmo.

Em San Salvador não foi diferente. José Luis Rodríguez Zapatero teve que defender a rainha Sofía por uma polêmica sobre supostas declarações da soberana sobre o casamento gay.

Quando os interesses entre Espanha e suas ex-colônias são tão divergentes, é natural que as declarações finais consensuadas têm que ser tímidas. Entretanto, ficou claro que os governos de esquerda ou centro-esquerda da América Latina seguem promovendo a emancipação econômica da antiga metrópole, apesar do governo espanhol. E que muitos presidentes liberais e conservadores se vêem forçados a adaptar seu discurso aos novos tempos.

A posição da Espanha e de Portugal é menos cômoda que nos anos 90, quando as multinacionais da Península Ibérica foram as que mais lucraram com a onda de privatizações realizadas na América Latina por governantes submissos à lógica neoliberal.

A isto se soma a crise das instituições multilaterais controladas pelos Estados Unidos e Europa como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). O colapso dos mercados financeiros que parece vislumbrar uma virada keynesiana a nível global esquentou a Cúpula deste ano.

José Sócrates, o primeiro ministro português, pôs o dedo na ferida: “O FMI se formou para ajudar e agora mesmo escutei o presidente de El Salvador dizer que, felizmente, El Salvador não tem contratos com o FMI. Isto diz tudo sobre a credibilidade e prestígio que hoje o FMI tem no mundo”. 

Sobre o encontro de 15 de novembro, quando 20 países iniciarão negociações sobre reformas do sistema financeiro internacional, Sócrates disse: “É da maior importância que a Espanha esteja na reunião em Washington. É da maior importância que as primeiras reuniões comecem bem, e por isso a Espanha tem que estar nesta reunião”.

A realidade será outra: apesar de unânimes declarações de apoio de todos os presentes à pretensão espanhola, os que irão a Washington são os “emergentes” México, Brasil e Argentina.

Na relação com empresas estrangeiras, alguns governos latino-americanos estão mostrando uma autonomia que há poucos anos parecia difícil de se imaginar. A notícia que impactou a Cúpula no seu último dia foi expulsão da petroleira espanhola Repsol pelo governo equatoriano, medida confirmada por Rafael Correa em seu regresso ao Equador.

Correa, que tem se mostrado igualmente firme frente às multinacionais brasileiras Petrobras e Odebrecht, manifestou: “Que entendam as companhias transnacionais: a Banana Republic acabou. Aqui as condições não vão ser impostas por elas, serão impostas pelo país”.


 
 
 

Fonte: Vermelho
Última atualização: 03/11/2008 às 15:59:00
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