De acordo com o jornal O Globo (24/10), O ex-presidente do FED (banco central norte-americano), Alan Greenspan, admitiu que errou feio. Ele disse na Câmara dos Representantes dos EUA, que um tsunami do crédito, que ocorre um vez por século, tragou os mercados financeiros. "É exatamente por isso que fiquei chocado, pois acompanhei 40 anos ou mais de evidências bastante significativas de que (o modelo baseado nessa ideologia) estava funcionando excepcionalmente bem".
A lista de erros é longa e o preço para o contribuinte é assustador – disse ainda o democrata Henry A. Waxman.
Já o governo brasileiro finalmente reconheceu a gravidade da crise. "Paremos de fazer piadas a respeito. É uma situação muito, muito séria", declarou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em palestra a investidores em Miami. Meirelles disse não haver dúvidas sobre a existência de uma crise econômica global (Folha de S. Paulo, 25/10).
Este tom de perplexidade é o mesmo de muitos governos, empresários e executivos governamentais ou de mercado. Quando todos achavam que o capitalismo ia maravilhosamente, ele dá sinais de desabamento.
Os primeiros sinais de recessão começam a parecer. Entre eles, o aprofundamento da crise das duas grandes montadoras GM e Chrysler, a primeira parou de contribuir para o fundo de pensão dos funcionários, a segunda vai demitir quase dois mil funcionários. No Brasil, a GM já anunciou férias coletivas.
Por conta da crise o número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA subiu para 478 mil, quando a expectativa era que atingisse 470 mil. Foram 15 mil somente em uma semana. O governo alemão já admite estagnação no terceiro trimestre no país. No Brasil, a confiança do consumidor brasileiro caiu 10% em outubro, segundo a Fundação Getúlio Vargas.
Essa semana a BBC divulgou que o Banco da Inglaterra (o banco central britânico) estima que as perdas globais para bancos e investidores na atual crise financeira podem chegar a US$ 2,8 trilhões. Alertou ainda que grandes riscos continuam ameaçando o sistema financeiro global mesmo depois das medidas adotadas por vários governos para fortalecer seus setores bancários.
Os trabalhadores não devem pagar pela crise
Os trabalhadores e trabalhadoras do mundo inteiro não devem pagar por esta crise! É necessário que organizemos a nossa resistência.
O neoliberalismo que tanto bateu no peito pelo êxito de suas leis de mercado, agora vive uma das maiores intervenções dos Estados na economia de nossa história; é uma versão capitalista da estatização do sistema financeiro mundial, que segundo o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI), em anúncios recentes, deverá consumir mais de 12 trilhões de dólares (metade desse montante já foi!).
Toda essa investida visa salvar os grandes capitalistas em detrimento do aumento da fome, do desemprego, da retirada de direitos e da manutenção e aprofundamento da dependência econômica dos chamados países emergentes ao Imperialismo Americano. Não foi à toa que Bush esteve pela primeira vez presente numa reunião do chamado G-20. Calcula-se que estes países possuem uma "reserva" de 9 trilhões de dólares e a ordem é liberar tudo que for necessário aos banqueiros nacionais e internacionais.
Durante este período de crise, o presidente Lula se manteve ao lado dos banqueiros, latifundiários e especuladores. Já injetou mais de 160 bilhões de reais para tentar "salvar" esses capitalistas da tal crise, retoma ainda iniciativas que visam impor um conjunto de reformas neoliberais como a Tributária e Previdenciária, que já estão pautadas no Congresso Nacional, e que visam a retirada de direitos históricos de nossa classe.
Há ainda outros reflexos da crise: os bancários precisaram realizar uma greve longa por uma pequena melhoria na proposta dos banqueiros, que alegavam a crise para não dar os reajustes pedidos; os metalúrgicos já sofrem ataques dos empresários que lhes impõem férias coletivas em várias de suas plantas em nosso país recriando assim um cenário de terrorismo e incerteza aos trabalhadores; assim como em vários outros setores da chamada economia real já anunciam a suspensão de contratos, vendas e demissões, ou seja, medidas que jogam sobre os ombros dos trabalhadores os efeitos da crise. É preciso enfrentar a crise com lutas e mobilizações.
A nossa resposta é a luta
Enquanto a crise está sendo discutida no Parlamento Europeu, os trabalhadores já estão começaram a resistir. No início de outubro mais de três mil marcharam em Barcelona pela redução da jornada de trabalho.
Na Bélgica, uma onda de greves e manifestações vêm se produzindo desde princípios do ano. Neste mês, as centrais sindicais convocaram um “dia de ação”. A iniciativa foi uma resposta ao alto custo de vida e as declarações da patronal em aumentar na semana de trabalho de 38 para 48 horas. Lá, perderam-se 5 mil postos de trabalho e os empresários anunciaram mais 70 mil demissões para o próximo ano.
Na Itália, milhares de estudantes e professores protestaram em 16 de outubro nas principais cidades do país contra o pacote de medidas para a educação do governo de Silvio Berlusconi. O projeto prevê demissões e diminuição de fundos ao setor. O decreto prevê ainda cortar 8 milhões de euros e demissões.
Na Grécia, milhares se manifestaram no centro de Atenas contra o projeto orçamental 2009, que será debatido pelo Parlamento nesta semana. O protesto também é contra as medidas de arrecadação de impostos e privatizações de empresas, como o caso da Olympic Airlines. Os sindicatos disseram que milhões de pessoas participaram da greve, enquanto os manifestantes se dirigiram para o Parlamento, paralisando o tráfico; tocando tambores e gritando “Não se aprovará!”.
No Brasil, os trabalhadores estão mostrando que não estão dispostos a pagar pela crise. A Semana Antiimperialista moveu milhares com manifestações e protestos em inúmeras capitais do país. Além disso, greves como a dos bancários mostram a disposição de luta que existe entre os trabalhadores brasileiros.
Novas mobilizações estão sendo organizadas, entre elas a do próximo dia 11 de novembro em Brasília em defesa do ANDES e contra a criminalização dos movimentos. Os movimentos populares estão organizando a Jornada contra a Carestia – pela redução do custo de vida também para o mês de novembro.
- Que os ricos paguem pela crise!
- Estatização, sem indenização, do Sistema Financeiro!
- Estabilidade no Emprego!
- Ocupação e estatização, sem indenização, das empresas que demitirem!
- Aumento geral dos salários!
- Todo apoio às Greves!
- Não à retirada de direitos!
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