Na cerimônia de entrega de prêmios às empresas mais admiradas no Brasil, no início da semana, o presidente da República pôde conversar, nos bastidores, com os economistas Luiz Gonzaga Beluzzo, Aloizio Mercadante e com o próprio ministro da Fazenda Guido Mantega, que o acompanhava
O tema escolhido por Lula para seu discurso de 30 minutos foi a crise econômica mundial e como ela afetará o Brasil. Ele prometeu não cortar os investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e sugeriu aos empresários presentes que sigam a liderança da Vale, cujo presidente, Roger Agnelli, prometeu manter intocado o plano de investimentos.
No discurso que antecedeu o do presidente da República, o jornalista Mino Carta narrou uma história que já tinha sido tema de um post do blog do Mino:
"Zapeava eu na noite de sábado passado e na RAI International tropecei na figura de De Benedetti entrevistado a respeito dos tormentos da conjuntura mundial. De Benedetti é conhecido de muitos seus pares brasileiros, sempre teve posições avançadas e é um dos sócios da editora que publica o melhor jornal da Itália, La Repubblica de Roma, nascido à sombra do Partido Comunista, até hoje de esquerda e crítico implacável de Silvio Berlusconi e da sua aliança de direita.
Mesmo assim fiquei entre surpreso e encantado com as palavras de De Benedetti. E, ao cabo, disse sorridente aos meus botões: o homem não lê Veja e os editoriais dos jornalões nativos ou assiste na tevê aos comentários dos nossos analistas econômicos, e não dá ouvidos a Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg.
Pelo contrário, De Benedetti devora e manda de cor CartaCapital. Por favor, me apresso a esclarecer: não me levem ao pé da letra. É fato, porém, que o empresário italiano repetiu o meu editorial desta edição de CartaCapital, a que está nas bancas desde sexta-feira, e falou da queda do Muro de Manhattan dezenove anos apor daquela do Muro de Berlim.
Se então fracassou o chamado socialismo real, hoje naufraga o capitalismo neoliberal. E invocou o reconhecimento da falácia da religião do deus mercado, que prega a lei da selva, pela qual a desigualdade se acentua. A desigualdade globalizada, em proveito, em primeiro lugar, de 1.100 cidadãos do mundo que, sozinhos, detêm mais de um terço da riqueza planetária."
Aliás, no encerramento de seu discurso o presidente Lula alfinetou a mídia, dizendo que "alguns dos citados" por Mino Carta em seu discurso torcem para que a crise internacional provoque estragos na economia brasileira.
Em entrevista ao blog do Mino, o ministro da Fazenda disse que o governo brasileiro não deve cortar os gastos públicos, argumentando que nesse momento uma decisão desse tipo poderia contribuir ainda mais para a desaceleração da economia.
Já o senador Mercadante, que também é economista, concordou que trata-se do pior momento econômico do mundo desde 1929. Mas ele acredita que relativamente aos seus principais concorrentes o Brasil pode sair fortalecido no cenário internacional.
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