O aumento na arrecadação de tributos federais neste ano deve ficar abaixo dos 10% estimados pelo governo até o mês passado, afirmou o secretário-adjunto da Receita Federal, Otacílio Cartaxo. Ele também disse que há uma preocupação com os efeitos da crise financeira internacional — que deverá ter impacto sobre o crescimento da economia —, nos resultados do próximo ano. ´Nossa preocupação é com o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, que é o carro-chefe da arrecadação. O IRPJ tem como base de cálculo a lucratividade das empresas. Nossa preocupação é que haja redução da lucratividade´, afirmou. ´Entre a instalação da crise e seus efeitos, há um intervalo de três a quatro meses. Os indicadores de arrecadação não acusam os efeitos da crise global´, disse o secretário-adjunto da Receita. Para este ano, ele chegou a admitir desaceleração da arrecadação, mas depois retirou a previsão mais pessimista. Cartaxo primeiro afirmou que o crescimento das receitas administradas seria de 8% a 9% no ano. Até setembro, o crescimento foi de 9,27%. Mas, pressionado a explicar os motivos da desaceleração, negou a piora no prognóstico e corrigiu para 9% a 10% a expectativa de crescimento.
Novo recorde
Em setembro, de acordo com os dados divulgados ontem, a arrecadação federal bateu novo recorde: R$ 55,6 bilhões. No acumulado do ano, a receita com tributos e impostos federais somou R$ 508,8 bilhões, 10% a mais que no mesmo período do ano passado, quando ainda vigorava a CPMF. Esta arrecadação significa que, se todos pagassem a mesma carga tributária no Brasil, até o final de setembro cada brasileiro já teria gastado R$ 2,8 milhões em impostos. Na comparação com setembro de 2007, o resultado do mês passado representa um crescimento de 8%. Em agosto, o aumento das receitas havia sido de apenas 4,27%, o menor do ano. Todos os valores já descontam a inflação do período. Cartaxo afirmou que o fisco ainda não sentiu os efeitos das turbulências globais.
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