A fome continua crescendo e, hoje, afeta 923 milhões de pessoas nos quatro cantos da Terra, depois do aumento dos preços dos alimentos, decorrente da subida no valor das matérias-primas e do petróleo, além da atual crise financeira, que ameaça agravar esse quadro.
Os números, divulgados há cerca de um mês, foram relembrados ontem pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), na véspera do Dia Mundial da Alimentação. Apenas na Europa e nos Estados Unidos, as autoridades mobilizaram, nos últimos dias, US$ 3,1 trilhões para resgatar os bancos em risco de quebra e evitar o colapso do sistema financeiro internacional.
De acordo com o jornal francês Le Monde, que cita uma ONG, seriam necessários US$ 30 bilhões por ano para erradicar a fome no mundo: "Ou seja, menos de 5% do Plano Paulson", afirma o jornal, referindo-se ao plano de resgate bancário de US$ 700 bilhões elaborado pelo secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson.
Segundo a FAO, os investimentos em agricultura caíram de 17% para 3% entre 1980 e 2006, enquanto que a população mundial cresceu, nesse período, em 78,9 milhões de pessoas. Já os biocombustíveis privaram o mundo de 100 milhões de toneladas de cereais de milho, ou de trigo, destacou a organização.
Em agosto passado, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) havia anunciado que iniciaria um programa de ajuda contra a crise de alimentos, de 142 milhões de euros, em 16 países particularmente afetados pela inanição, como Afeganistão, Haiti, Libéria, Moçambique, Etiópia e Somália. Este ano, a ajuda alimentar internacional caiu a seu nível mais baixo em 40 anos. (das agências)
NÚMEROS
51 milhões de famintos estão na América Latina
78,9 milhões de pessoas. Foi o crescimento populacional registrado no mundo entre 1980 e 2006
142 milhões de euros. É o valor anunciado no programa de ajuda contra a crise de alimentos em 16 países particularmente afetados pela inanição |