Até o fim do ano, a American Airlines e a Delta Airlines começam a oferecer vôos diretos dos Estados Unidos para a Região
A economia nordestina espera alavancar seu setor turístico com o desembarque de passageiros americanos na Região. No início de novembro (a partir do dia 2) começa a operar, pela American Airlines, o vôo Recife – Salvador – Miami, que terá freqüência diária. A Delta Airlines, outra grande companhia aérea norte-americana, também atuará no mercado regional. No dia 22 de dezembro, terá início a conexão Recife – Fortaleza – Atlanta, com quatro vôos semanais.
A Secretaria de Turismo de Pernambuco, inclusive, já vem realizando uma série de ações para promover o Estado junto àquele mercado. Uma parceria com a Embratur possibilitou que representantes pernambucanos fossem aos Estados Unidos, no início de setembro, participar de uma feira volta para operadores americanos. Na ocasião, foram distribuídos materiais promocionais e realizado uma pequena amostra da culinária local. Já no início de outubro, a equipe de marketing da Empetur promoveu uma capacitação junto aos vendedores da American Airlines, em Miami e Nova Iorque.
O grande leque de oportunidades aberto com a chegada desses turistas foi tema de um encontro, na manhã desta quinta, no Recife. A presidente da Embratur, Jeanine Pires, destacou o potencial do Nordeste para receber tais turistas, salientando o perfil ideal da Região. “Além do sol e mar, que os estrangeiros adoram, também há uma rica diversidade cultural e um vasto patrimônio histórico”, lembrou.
Segundo Jeanine, cerca de 669 mil americanos desembarcaram no País em 2007. Desse total, 34,3% vieram a negócios, 34,8% para visitar parentes ou amigos e 26,7% por lazer. Um dado interessante a se notar é que 96,5% desses americanos têm intenção de retornar ao Brasil. “Nós somos muito conhecidos por causa do Rio de Janeiro e Amazônia. Os novos vôos vão ajudar o Nordeste a também entrar nesse nicho”, argumentou.
O turista americano, ao redor do mundo, costuma passar nove dias nos locais que visita, gastando, em média, US$ 125 por dia com eventos e negócios e US$ 78 com lazer. No Brasil, o panorama é diferente e muito mais favorável. Aqui, esse público, em geral, permanece por até 18 dias. O gasto diário com eventos e negócios chega a US$ 202. Com lazer, esse valor alcança US$ 145.
Os novos vôos com destino a Salvador, Recife e Fortaleza têm uma duração média de sete horas, constituindo-se numa ligação mais rápida que com o Sudeste. Apesar das facilidades, mais da metade dos americanos que viajam para o exterior tem como destino o México e o Canadá. Resta, ao Brasil, apenas 2% do mercado – o País é o 13º lugar na lista de desembarques. “O Nordeste tem plenas condições de absorver essa demanda. A receptividade aqui é absurda. Nós somos pouco conhecidos, mas não somos desconhecidos”, explicou a presidente da Embratur.
Alguns pontos turísticos da Região já estão sendo divulgados no exterior. Jeanine adiantou que a Embratur tem escritórios articulados em Nova Iorque e Los Angeles. Além disso, há também uma agência de relações públicas em tempo integral, para contatos com a imprensa e relações institucionais. A nova campanha do órgão, chamada “Brasil Sensacional”, já está sendo veiculada em diversos países. As peças publicitárias serão amplamente expostas até junho de 2010. A campanha atuará, entre outros locais, nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Canadá, Peru e Argentina. Ao todo, são 12 países e o investimento é de US$ 88 milhões, provenientes do Ministério do Turismo.
O secretário de Turismo de Pernambuco, Sílvio Costa Filho, destacou que, para 2009, a expectativa é de um crescimento de 1000% no número de americanos visitando o Estado. Atualmente, são cerca de 2 mil turistas da terra do Tio Sam. Com os dois vôos, aguarda-se 30 mil. “Esperamos movimentar algo em torno de R$ 40 milhões no turismo de Pernambuco. Já na próxima semana, 100 outdoors começam a divulgar os vôos, na Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas”, revelou.
O presidente da Associação Brasileira dos Agentes de Viagem de Sergipe (Abav), Alberto Balbino, ressaltou a importância de integração entre os estados. “Precisamos nos preocupar com as nossas estradas e também com a segurança. Se o turista passar nove ótimos dias aqui, mas for assaltado no décimo, a impressão será a pior possível”, disse.
Sílvio ainda adiantou que, no próximo ano, será investido US$ 1,5 milhão no setor. Ele também mencionou, embora sem detalhes, que até o fim de 2008 deve ser divulgada a vinda de uma grande rede hoteleira americana para o Estado. Esse setor, por sinal, deve receber investimentos da ordem de R$ 3,5 bilhões nos próximos anos.
CRISE
A turbulência econômica mundial já está incorporada ao Brasil. Entre os representantes do trade turístico, o recente ciclo de valorização do dólar é o tema da vez. Para a presidente da Embratur, Jeanine Pires, a crise tem de ser encarada como um cenário de oportunidades. “Acredito que vai haver uma estabilização do câmbio, tanto para o brasileiro como para o estrangeiro”, prevê.
Nos últimos dias, a moeda americana voltou a alcançar o patamar de R$ 2,40. Com esse valor, fica mais barato para o turista americano vir ao Brasil. O secretário de Turismo de Pernambuco, Sílvio Costa Filho, observa os benefícios do setor com a atual taxa de câmbio. “Quanto mais alto estiver o dólar, maior o fluxo de turistas. E o turista brasileiro deixa de ir para fora e viaja internamente. No entanto, eu acredito que o patamar ideal (do câmbio) seja algo entre R$ 2,10 e 2,20”, argumentou.
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