O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, não acredita em ´grandes´ mudanças na proposta orçamentária
Brasília. O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, pediu ao Congresso que continue o exame do Orçamento Geral da União de 2009 e disse que, ´se a crise exigir´, o governo mudará no final de novembro os índices que sustentam a proposta orçamentária. Ele explicou que, por enquanto, o governo ´não tem clareza´ quanto à profundidade da crise e nem como ela afetará a economia brasileira em 2009, sendo, portanto, ´prematuro mexer ou suspender´ o exame do orçamento por parte do Congresso.
´Se chegarmos à conclusão de que a arrecadação será menor, teremos de fazer cortes no orçamento. O governo só não aceitará cortes nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e nem nos gastos sociais´, afirmou.
O ministro Paulo Bernardo fez suas afirmações durante debate de quase duas horas na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, a convite dos parlamentares, na tarde de ontem.
Mudanças
O relator do projeto do orçamento, senador Delcídio Amaral (PT-MS), presente ao debate, disse acreditar que ´os parâmetros que sustentam o projeto podem sofrer alguma mudança´ já no final de outubro ou início de novembro, ou seja, quase um mês antes da previsão do ministro.
´É difícil fazer cortes, especialmente porque eles devem ocorrer no custeio da máquina pública e nos investimentos. Mas o Congresso já fez isso em outras épocas e cumprirá sua obrigação, se isso for necessário´, afirmou Delcídio.
Segundo o ministro Paulo Bernardo, o governo acredita que a valorização do dólar ´deve refluir´ nos próximos dias. Ele contestou afirmações de economistas de consultorias de que o governo está demorando a tomar providências para que a crise não afete a economia.
Paulo Bernardo admitiu que, se o real continuar perdendo valor frente ao dólar e outras moedas fortes, haverá risco de aumento da inflação. Ponderou que ´seria um absurdo´ se as grandes cadeias que trabalham com produtos importados ´começarem a repassar agora´ a alta do dólar.
´Seria a mesma coisa que jogar gasolina em incêndio - comparou, referindo-se às repercussões inflacionárias´.
O ministro ainda minimizou os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira, lembrando que ela ´começou há um ano´ e, mesmo assim, o Brasil deve crescer neste ano mais de 5%.
CONTRA RECESSÃO
Garibaldi defende medidas provisórias
Brasília. O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, admitiu, ontem, a necessidade de edição de medidas provisórias na hipótese de o Brasil vir a passar por uma crise econômica. Garibaldi afirmou ainda que o Congresso Nacional deve ajudar o Executivo a encontrar soluções para evitar recessão ou tirar o país de situações de crise.
´É uma hora em que o Congresso deve ajudar nas soluções. Esta é uma hora que não permite nem discussões estéreis, nem vacilações. E é uma hora em que, inclusive, podemos admitir as MPs, que já se tornam inadmissíveis dentro do Congresso´, observou Garibaldi Alves.
Na opinião do presidente do Senado, o Parlamento não pode ficar omisso em períodos de crise. No entanto, ressaltou ser necessário consenso entre o Executivo e o Legislativo no que diz respeito às medidas a serem adotadas. ´Temos de ver quais as medidas absolutamente necessárias. Aí é o caso de as MP serem legítimas´, disse.
QUEDA DE PREÇO
Minc: crise pode ajudar Amazônia
Brasília. A desaceleração da economia mundial pode ajudar a brecar o desmatamento na Amazônia por causa da queda no preço de commodities e o Brasil deveria fixar metas compulsórias sobre a derrubada de árvores, afirmou ontem o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Minc disse também no Reuters Global Environment Summit, em Brasília, serem exageradas as suspeitas sobre a ação de organizações não-governamentais estrangeiras na Amazônia. Alguns nacionalistas do Congresso, das Forças Armadas e do governo afirmam que a crescente presença de estrangeiros naquela região vem minando a soberania brasileira e alimentando o desmatamento.
´Eu acho que há exagero nessas acusações. Há realmente algumas poucas empresas e ONGs que estão realmente ligadas a biopirataria. Mas são uma grande minoria´, disse Minc, referindo-se a grupos que contrabandeiam plantas para laboratórios farmacêuticos desenvolverem novos remédios.
´Muitas vezes os grandes desmatadores acusam ONGs como Greenpeace e WWF porque eles não estão contentes com as críticas e as denúncias que estão sendo feitas contra eles próprios´, afirmou.
|