Meirelles ressaltou, ontem, que a crise atual não está centrada no Brasil nem em outro país emergente. Ele reafirmou que a crise é severa e que "nenhum país está imune à crise, mas a solidez que o Brasil adquiriu nos últimos anos melhora a capacidade de resistência da economia"
Meirelles: Banco Central vai continuar monitorando o desenvolvimento da crise. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou ontem que os dados macroeconômicos ainda não mostram um impacto severo da crise norte-americana sobre a economia brasileira. Ao discursar na abertura do seminário do próprio Banco Central sobre microfinanças, em Belo Horizonte, Meirelles fez questão de ressaltar que a crise atual não está centrada no Brasil nem em outro país emergente. Ele reafirmou que a crise é severa mas que, no entanto, "não nos torna imune ao que ocorre na economia mundial".
Segundo ele, o País possui arcabouço sólido com o montante de reservas internacionais que chegam a US$ 207 bilhões, suficiente para cobrir três vezes a dívida vincenda em 12 meses. "Nenhum país está imune à crise, mas a solidez que o Brasil adquiriu nos últimos anos melhora a capacidade de resistência da economia", disse.
Meirelles enfatizou que o BC continuará monitorando o desenvolvimento da crise com atenção "e tomará todas as medidas que forem necessárias, bem como o Governo, no sentido de enfrentar a crise de maneira a preservar o bom funcionamento da economia brasileira". Ao final do discurso, ele afirmou que o BC encara a crise com seriedade, mas que aguarda o resultados.
Em rápido e tumultuado pronunciamento na porta do Ministério da Fazenda, o ministro Guido Mantega afirmou, ontem, que ainda acredita que o Congresso norte-americano irá aprovar o pacote de US$ 700 bilhões de ajuda às instituições financeiras daquele País. Segundo o ministro, tão logo isso aconteça haverá uma "distensão" da economia mundial com a recomposição do crédito, embora em patamares inferiores ao que era. "Mas não haverá o estresse dos dias de hoje. Até lá o Governo brasileiro estará pronto e atento para atender a situações no Brasil", disse Mantega.
Ele contou que na reunião que teve na manhã de ontem com o presidente Lula, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e os ministros do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, foi feita uma análise de cada setor. Neste balanço, afirmou Mantega, o setor exportador está funcionando normalmente apesar de haver uma falta de crédito em dólar. "Mas o Banco Central está fazendo leilões para dar crédito em dólar", disse Mantega.
Recursos
Segundo ele, não faltam recursos financeiros para a agricultura, mas o governo identificou que poderá haver problemas "mais adiante". Mantega disse que o governo também resolverá este problema. Ele lembrou ainda que houve uma diminuição do crédito nos bancos privados mas que o Banco Central já aumentou a liquidez por meio da redução do depósito compulsório. "Estamos acompanhando a conseqüência que os acontecimentos lá fora podem ter no Brasil. Mas a situação está bastante normal no Brasil", avaliou o ministro.
Mantega disse que o mercado doméstico continua aquecido e que as empresas e bancos brasileiros mostram solidez. Ele afirmou também que o governo estará pronto para responder os problemas na medida em que se colocarem. Ele destacou a solidez das contas públicas brasileira que registra superávit primário acima dos outros anos e a convergência da inflação para dentro da banda superior da meta. "Estamos numa situação favorável para enfrentarmos essa situação internacional maior", afirmou.
|