Essa semana o Dieese apresentou um balanço dos reajustes salariais obtidos nas campanhas salariais do primeiro semestre:
“No primeiro semestre de 2008, cerca de 86% dos 309 resultados obtidos nas negociações de reajustes salariais reunidos pelo Sistema de Acompanhamento de Salários do DIEESE asseguraram, no mínimo, a recomposição da inflação acumulada em cada data-base, segundo o INPC-IBGE. Este percentual é menor que o registrado nos dois últimos anos - que neste período ficou na casa de 96% - mas é superior aos registrados entre 1996 e 2005.”
É importante frisar, assim como mencionou o Dieese, que esse percentual é o menor registrado nos últimos dois anos. Além disso, as categorias que conseguiram aumento real no primeiro semestre, conseguiram no máximo o percentual de 1,5%. Isto é aviltante diante do momento pelo qual passa a indústria, o setor bancário, os grandes conglomerados e até o comércio. Eles batem recordes de produção, de vendas, de exportação e de lucros. O país passa por uma onda de crescimento, mas ninguém quer que os trabalhadores levem vantagem dessa situação.
Em matéria da Folha de S. Paulo (5/09), o coordenador técnico do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, sentencia: "O cenário no país é positivo, mas o crescimento das vendas e dos lucros das empresas não necessariamente está se traduzindo em melhoria de salários”. Segundo Silveira, a economia promete seguir em passo rápido e as categorias cujas datas-base se encontram no segundo semestre podem negociar aumentos maiores.
Ainda na matéria da Folha, Luiz Carlos Prates, o "Mancha", secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e integrante Conlutas, avalia o resultado da primeira metade como "pífio" e diz que acende uma "luz vermelha" no movimento. "Os números do painel do Dieese referem-se apenas aos trabalhadores mais organizados. E os demais? Os sindicatos não estão lutando o suficiente, precisamos de mais esforços para virar o jogo daqui para a frente."
Só não vê essa realidade quem não quer. Por isso, as direções sindicais precisam mudar a postura e enfrentar os patrões e o governo. É hora de lutar. As campanhas salariais do segundo semestre precisam estar unificadas. É necessário realizar paralisações, atos, manifestações, passeatas. É hora de greve. Queremos arrancar a parte que nos cabe nesse crescimento econômico. Nós já conhecemos a história de esperar o bolo crescer para depois dividir. Não! Queremos a nossa parte agora.
Por isso, as mobilizações dos metalúrgicos, dos petroleiros, dos bancários, dos trabalhadores dos Correios devem perseguir a conquista das reivindicações. Não pode ser que num momento de crescimento as empresas ainda acenem com a necessidade de rebaixar salários ou não dar aumentos decentes. Vamos arrancar maiores salários e melhores condições de trabalho.
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