O presidente Luiz Inácio Lula da Silva refirmou ontem, em discurso para os integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), a importância da construção de refinarias de petróleo e siderúrgicas na Nordeste para agregar valores às exportações e reduzir as desigualdades da região. Ele citou a construção de refinarias de petróleo no Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte e em Pernambuco. Além das siderúrgicas que deverão ser construídas no Pará e no Ceará. O presidente também afirmou que antes do seu Governo, a última refinaria de petróleo a ser construída no País é da década de 80 e disse que, atualmente, a Petrobras trabalha para construir cinco novas refinarias.
A respeito do projeto de transposição e revitalização do Rio São Francisco, o presidente disse que está em pleno andamento. "Até 2010, o eixo leste será inaugurado. Meu sucessor poderá inaugurar o eixo norte em 2012. Essa obra, sonhada desde o Império por D. Pedro II, finalmente está virando realidade. Em breve, 12 milhões de nordestinos estarão livres do flagelo da seca e terão água boa para beber e plantar", afirmou. Sobre emprego e renda, Lula lembrou que a taxa média de desemprego está em 8,2% este ano. "A menor desde 2002, quando foi iniciada a série histórica do IBGE".
O presidente ainda destacou os investimentos no Nordeste. "Eu pensei que aqui nós iríamos dizer alguma coisa dos investimentos que estão acontecendo no País. Mas é importante que a gente saiba de uma coisa que aconteceu e muita gente não sabe. Quando eu perguntei para o (então ministro da Integração Nacional) Ciro Gomes, quanto o Banco do Nordeste tinha investido em crédito, ele me disse R$ 254 milhões. Hoje, o BNB está financiando R$ 12 bilhões.
Microcrédito
Na ocasião, o pesquisador Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, reforçou a importância do microcrédito para o desenvolvimento regional. "O grande momento da vida de um pesquisador empírico é quando ele descobre alguma coisa que ele não esperava. O Brasil tem oferecido algumas dessas surpresas. Eu estive fazendo no último ano avaliações de microcrédito na América Latina, na Nicarágua, no Peru, no México... E fui fazer uma avaliação de um programa federal de microcrédito, chamado Crediamigo. E foi o melhor programa de microcrédito que vi. São 350 mil", disse Neri.
REUNIÃO DO CONSELHO
"Petróleo é passaporte para o futuro"
Em seu dicurso na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o presidente Lula confirmou o relatório sobre a camada pré-sal para o fim de setembro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou ontem que a comissão interministerial, que estuda formas de explorar os recursos da camada do pré-sal, localizada abaixo do leito marinho, só entregará no fim de setembro o relatório de sugestões. A princípio, o grupo entregaria as propostas ao presidente no dia 19 do mês que vem. Em discurso, na reunião ampliada do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), Lula relatou que deu três orientações a sua equipe sobre o pré-sal.
A primeira é que, segundo ele, o Brasil não deve ser um mero exportador de óleo bruto. "Queremos consolidar uma forte indústria petrolífera que agregue valores aqui dentro e exporte derivados", disse. A segunda, de acordo com o presidente, é não esquecer o trecho da Constituição que destaca que as reservas de petróleo são da União. "Seus frutos devem melhorar a educação e as condições de vida do povo brasileiro", disse. A terceira e última orientação é que os recursos obtidos com o petróleo devem contribuir para mais igualdade social no País. "Não é porque tiramos o bilhete premiado que vamos sair por aí gastando o dinheiro que não temos", afirmou. "O petróleo é um passaporte para o futuro, para investirmos em educação e reduzir a miséria no País."
Segundo presidente, após receber o relatório da comissão interministerial que estuda o pré-sal, o Governo abrirá um ampla discussão com a sociedade para analisar a utilização dos recursos. No discurso que faz na reunião do CDES, o presidente Lula também ressaltou os investimentos feitos no setor de energia. "A turma do contra que me desculpe, mas não haverá apagão no País. Estão aí os leilões vitoriosos das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau (no Rio Madeira, em Rondônia)", disse. O presidente também ressaltou a retomada da política de usinas nucleares no País para incrementar o setor de energia e a licitação para o início das obras da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará.
Lula disse, ainda, que o presidente da Vale, Roger Agnelli, relatou a intenção de a companhia construir uma planta de alumínio no Espírito Santo. Lula observou que a exportação da bauxita (matéria-prima do alumínio) sai por valores bem mais baixos que o produto acabado. Ele também ressaltou que a opção do Governo é promover o desenvolvimento no País, sem prejudicar o meio ambiente.
Ao falar sobre os setores que mais estão crescendo e que antes apresentavam problemas, Lula acabou chamando as montadoras do setor automotivo de "reclamadoras". "Como líder sindical e dirigente político passei as décadas de 80 e 90 vendo as 'reclamadoras reclamarem' do estreitamento do mercado", disse o presidente, complementado que o setor hoje caminha para ser o quinto ou sexto maior parque automotivo do mundo. Outro setor citado foi o de cimento. "Na década de 90, só foram construídas cinco novas fábricas de cimentos. Agora há dez em construção", afirmou.
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