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Saiu na Imprensa |
27/08/2008 |
Apesar de juro alto, crédito vai a 37% do PIB e pode chegar a 40% |
Segundo analistas, financiamentos de prazos mais longos reduzem efeito do aumento dos juros promovidos pelo BC. Proporção crédito/PIB atinge maior patamar desde Plano Real; era de 32,4% há um ano e deve passar de 40% em dezembro, diz BC
Apesar de os juros de empréstimos bancários em julho terem sido os mais altos em 20 meses, o volume de crédito no país é o maior desde o início do Plano Real. Segundo o Banco Central, o total de empréstimos bancários no final do mês passado era de R$ 1,086 trilhão – valor igual a 37% do PIB (Produto Interno Bruto).
Para analistas, a relação entre crédito e PIB poderá passar de 40% até o fim do ano – ainda abaixo da média de outros países emergentes, que registraram até 70%. Com alta na venda de automóveis, o total de operações de leasing por pessoas físicas superou contratações por empresas, o que não ocorria há oito anos.
Juros altos
Os juros cobrados nos empréstimos bancários subiram pelo terceiro mês seguido e atingiram, em julho, o nível mais alto em 20 meses. O movimento, porém, não impediu que o volume de crédito disponível no País continuasse a crescer, chegando, no mês passado, ao nível mais alto já registrado desde o Plano Real (94).
Segundo o Banco Central, a taxa média praticada nos financiamentos subiu de 39,4% ao ano entre junho e julho. O aumento foi mais forte nos empréstimos a pessoas físicas, em que os juros passaram de 49,1% ao ano para 51,4%.
Mesmo assim, a oferta de crédito se manteve em alta. Ainda de acordo com o BC, o total de empréstimos bancários existentes no país no final do mês passado era de R$ 1,086 trilhão, valor que corresponde a 37% do PIB (Produto Interno Bruto). Em junho, era 36,6% do PIB. Em julho de 2007, era 32,4%. Desde o início da série estatística do BC, em julho de 1994, essa proporção não atingia valor tão elevado.
"O que estamos observando ainda é um crescimento forte do crédito, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Prazos longos
Segundo Lopes, a relação entre crédito e PIB pode passar de 40% até o final do ano. O resultado, se alcançado, representaria um recorde para os padrões brasileiros, embora continue abaixo para a média observada em outros países emergentes, em que essa relação costuma chegar a mais de 70%.
Para Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo, os grandes prazos embutidos nos financiamentos concedidos pelos bancos minimizam os efeitos que a alta das taxas poderia ter sobre a procura por crédito. "O impacto da elevação dos juros na prestação é muito pequeno. Se pensarmos num empréstimo de R$ 1.000 a ser pago em 24 meses, a alta dos juros faz com que a prestação passe de uns R$ 49 para algo próximo de R$ 51. A diferença é pequena."
Na opinião de Istvan Kasznar, economista da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento) e professor da FGV-RJ, o bom momento da economia também faz com que a alta dos juros tenha um efeito menor, no curto prazo, sobre a procura por financiamentos.
"A taxa pode subir, mas as pessoas não entendem isso como algo que deva inibir o consumo", afirma, ressaltando que a queda no desemprego e o aumento da renda ajudam a sustentar um certo otimismo nos consumidores, contribuindo para manter também o crescimento do crédito.
Juros altos
Já a alta dos juros dos empréstimos, por sua vez, reflete tanto a elevação da taxa Selic promovida pelo BC nos últimos meses quanto o aumento do chamado "spread" bancário - diferença entre a taxa paga pelo banco para captar dinheiro no mercado e os juros cobrados nos financiamentos concedidos a seus clientes.
De março para cá, a Selic subiu de 11,25% ao ano para 13%. Já o "spread", que em junho estava em 24,5 pontos percentuais, passou para 25,6 pontos em julho. Isso significa que, dos 39,4% anuais cobrados, em média, num empréstimo concedido no mês passado, 25,6 pontos correspondiam ao "spread", e o restante ao custo de captação das instituições financeiras.
Outros países
Com o total do crédito em 37% do PIB, o Brasil está ainda entre os países com a menor porcentagem de empréstimos em relação ao tamanho de sua economia, fato que denota uma confiança fraca dos consumidores e das empresas no futuro do país.
Nos EUA e no Japão, o crédito passa de 180% do PIB, enquanto na Europa varia da casa de 90% (Itália e França) até 160% (Reino Unido, Portugal e Suíça). Na América Latina, o Chile tem crédito de quase 80% do PIB.
Estudo recente do FMI (Fundo Monetário Internacional) mostra que, apesar da expansão no crédito acima de 20% ao ano nos últimos sete anos, o Brasil foi um dos países que menos se beneficiaram da elevada liquidez internacional desde 2004.
No estudo, enquanto República Checa, Hungria, Índia e África do Sul ampliaram seu crédito em 15 pontos percentuais em relação ao PIB de 2004 a 2007, o Brasil avançou apenas 10,5 pontos.
No mesmo período, Austrália, Bulgária, Holanda, Espanha, Ucrânia e Reino Unido tiveram aumento da ordem de 20 pontos percentuais na proporção entre crédito e PIB entre 2004 e 2007.
Um dos motivos desse atraso é a baixa proporção de financiamento imobiliário no país, que é da ordem de 2%, enquanto nos EUA e no Reino Unido passa de 70%.
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| Fonte: Diap - Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar |
| Última atualização: 27/08/2008 às 13:39:00 |
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