Há entre os eleitores brasileiros muitos que dizem não entender de política. Existe, porém, uma forma muito simples de ampliar o nível de compreensão acerca do tema.
Basta observar a evolução patrimonial dos políticos. Visto pelo ângulo das declarações de bens dos seus atores, a política revela-se um negócio extremamente lucrativo.
Há entre os postulantes a mandatos de prefeito, de vice-prefeito e de vereador nas capitais do Brasil, 447 políticos que já disputaram eleições em 2006.
São senadores, deputados federais e vereadores. Há dois anos, por força de lei, tiveram de entregar à Justiça eleitoral suas respectivas declarações de bens.
Agora, de volta às urnas, esses políticos viram-se compelidos a atualizar a lista de bens. Basta comparar uma e outra para verificar que, em escassos dois anos, ficaram, na média, bem mais ricos.
Deve-se à Transparência Brasil a compilação dos dados. A entidade, mangas arregaçadas, desceu aos arquivos do TSE.
Dos 447 re-candidatos de 2008, 22 ainda não tiveram os bens lançados na base de dados do TSE: os de Teresina (PI) e dois de Belo Horizonte (MG) e de Porto Velho (RO).
Mas as informações referentes aos outros 435 estão todas lá. Feitas as comparações, as declarações de bens dos candidatos revelam o seguinte:
Em dois anos, os 180 vereadores de capitais e os 255 senadores, deputados federais e deputados estaduais eu tentam a sorte nas urnas de 2008 enriqueceram, em média, 46,3%;
Consideram-se apenas os 180 vereadores, o índice médio de enriquecimento foi de 41%. Em 2006, declararam patrimônio de R$ 61.594.612. Em 2008, acumulavam R$ 70.510.656 em bens;
Entre os 255 senadores e os deputados federais e estaduais, a média de enriquecimento foi ainda maior: 50%. Tinham, em 2006, patrimônio de 201.415.172. Agora, têm bens orçados em R$ 244.054.069;
Dos 709 vereadores que exercem mandatos nas capitais, 663 disputam a reeleição. Infelizmente, só foi possível fazer a comparação da evolução patrimonial em relação a 180 deles, que disputaram eleições em 2006, ano em que a Justiça Eleitoral passou a exigir a apresentação da lista de bens;
No entanto, foi possível comparar o grau de riqueza dos 663 vereadores que abriram agora suas informações patrimoniais à Justiça eleitoral com o nível de renda dos eleitores de suas respectivas cidades. Eis a conclusão a que chegou a Transparência Brasil:
“O patrimônio médio declarado por esses vereadores é de R$ 377 mil. Tomando-se por base o PIB per capita das regiões metropolitanas das capitais, os vereadores dessas cidades são, em média, 45 vezes mais ricos do que a média da comunidade que representam.”
(...) Mesmo para os que não entendem patavina de política, é muito fácil perceber as politicagens.
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