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Saiu na Imprensa

  19/08/2008 

Lugo fortalecerá luta contra a pobreza, diz Renato Rabelo

O presidente nacional do Partido Comunista do Brasil, Renato Rabelo, entende que a eleição do novo presidente do Paraguai, Fernando Lugo, fortalecerá a luta contra a pobreza e em prol da democracia e do desenvolvimento não apenas de seu país, mas também de toda região.
 
Renato, Maidana e Carmona em Assunção Rabelo esteve em Assunção na última sexta-feira para acompanhar a cerimônia de posse de Lugo. O presidente do PCdoB destaca a heterogeneidade do novo governo como fruto da aliança que permitiu o fim da hegemonia do Partido Colorado no Paraguai, e acredita que a luta entre a mudança e a continuidade deverá ser a principal característica da fase que se abre no país.
 
Em Assunção, a direção do PCdoB – representada por Rabelo e por Ronaldo Carmona, membro da secretária de Relações Internacionais – se reuniu com Ananias Maidana, dirigente histórico do partido e um dos símbolos de resistência à ditadura de Alfredo Stroessner.
 
Veja abaixo as impressões do presidente do PCdoB sobre a chegada de Lugo à Presidência paraguaia:
 
Você esteve presente à posse do novo presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Qual é o significado que você vê neste fato para o contexto político latino-americano?
 
A vitória de Fernando Lugo, com a sua ascensão à presidência da República do Paraguai, faz parte, nas condições atuais, do novo período político vivido na América Latina, que expressa forte anseio de mudança no sentido democrático, patriótico e progressista. No Paraguai essa extensa enxurrada mudancista também levou a baixo a supremacia de 60 anos do Partido Colorado na Presidência da República, expressão política da oligarquia conservadora, dando a vitória a Lugo, que exprimia o novo sentimento de transformação progressista, na sua luta contra a pobreza, a corrupção e pela defesa dos camponeses sem terras e dos indígenas.
 

Em seu discurso, Lugo também fez referência ao presidente brasileiro, Lula, e a presidente do Chile, Michelle Bachelet, além de lembrar o exemplo de Salvador Allende. Como pode ser este novo ciclo político no Paraguai, para a esquerda na América do Sul?
 
A vitória de Lugo amplia a influência da esquerda da América do Sul. Ele procura se identificar com a linha dos novos governos democráticos e progressistas instalados nesse subcontinente, dando ênfase no seu discurso de posse ao exemplo da luta de Salvador Allende no Chile. O Paraguai é membro do Mercosul. Lugo ressaltou sua posição em prol da integração sul-americana e da defesa dos interesses do seu país, esperando da parte do Brasil, no caso da hidrelétrica de Itaipu, e da Argentina, no caso da hidrelétrica de Yacaretá, a reformulação de cláusulas dos tratados estabelecidos, procurando estabelecer melhor condição de proveito para o Paraguai. Acredito que da parte do Brasil interessa o desenvolvimento do Paraguai e o fortalecimento do novo governo. Por isso, deve estar presente o interesse para o entendimento visando alcançar um acordo comum, levando em conta a relação de solidariedade como solução das assimetrias existente. Esta é a justa escolha para o avanço da integração entre os países sul-americanos, como na atuação recente que o Brasil teve em relação à Bolívia.  
 

Honestidade e austeridade. Foram essas as duas questões centrais que Lugo destacou em seu pronunciamento inaugural, adiantando que a perspectiva de seu mandato de cinco anos será de muito trabalho, focado na luta contra as desigualdades sociais e a corrupção. Como você analisa esta linha de conduta?
 
A linha de conduta apresentada por Lugo em seu governo se inspira nos princípios e valores de uma corrente moderna da Igreja Católica, a Teologia da Libertação, cujo representante maior no Brasil é Leonardo Boff, aliás, citado por ele em seu discurso inaugural. Ainda, Lugo tem uma prática política de muitos anos, em defesa da luta contra a pobreza,  pela reforma agrária e direito dos índios, num departamento dos mais pobres do Paraguai. Há um compromisso do novo presidente com essas camadas sociais populares, gerando da parte dessas um forte sentimento de nova esperança, e da parte das correntes de esquerda que o apoiaram a esperança na democratização profunda, de seu empenho na execução de uma autêntica reforma agrária e na defesa da independência nacional.        
 

Como o novo presidente poderá governar um país estagnado há décadas por uma elite corrupta e inepta, que dirigiu o Estado sem promover a reforma agrária, numa realidade em que 200 famílias possuem 70% das terras, e sem realizar uma reforma fiscal que não permite investimentos na infra-estrutura econômica?
 
Fernando Lugo encontra um país com profundos impasses estruturais, que exigem mudanças profundas, e agudos problemas conjunturais que exigem ação imediata. A frente formada por Lugo, a Aliança Patriótica por Mudança, é um conjunto político heterogêneo, composta por partidos e grupos de esquerda, centro-esquerda e centro-direita, como o Partido Liberal Radical Autêntico, que tem o vice- presidente da Republica, sendo quem mais elegeu deputados e senadores na Aliança. O vice-presidente eleito é um grande proprietário rural moderno, correspondente ao que designamos aqui no Brasil de setor do agronegócio. O ministério recém formado expressa também essa heterogeneidade de forças políticas. Lugo teve mais de 50% dos votos válidos, mas o Congresso Nacional tem predominância das forças conservadoras e, também, o Poder judiciário e o aparato burocrático governamental. A luta entre a mudança e a continuidade deverá ser a característica dessa fase que se abre no Paraguai com o governo Lugo, dependendo sua evolução no rumo da mudança, da capacidade do novo presidente de se apoiar, mobilizar e organizar as forças sociais populares ansiosas pela mudança e unir as forças políticas mais conseqüentes, incluindo o apoio, ou a neutralização das forças armadas, pela democratização mais profunda, pela reforma agrária anti-latifundiária (75% das terras estão nas mãos de 1% dos proprietários) e pela soberania do país.
 
 

Fonte: Portal Vermelho
Última atualização: 19/08/2008 às 16:29:00
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