Estudo indica que o aumento de temperatura fará com que se aumente a evaporação e diminua a quantidade de água nos solos
No Brasil, a Região Nordestes sofrerá mais intensamente os efeitos do aquecimento global, na agricultura e na pecuária, de acordo com o estudo “Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira” realizado em parceria entre o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os resultados serão apresentados hoje, no 7º Congresso Brasileiro do Agribusiness, em São Paulo.
O estudo prevê a transformação das áreas de Semi-árido em Árido e do Agreste nordestino em Semi-árido. O estudo indica que o aumento de temperatura fará com que se aumente a evaporação e diminua a quantidade de água nos solos. “A agricultura, que já está bem ruim hoje, que é semi-árida, vai ficar ainda pior. Vai ser muito difícil, porque o solo ficará árido”, alarmou o diretor do Cepagri, Hilton Silveira Pinto.
A pesquisa prevê prejuízos de até R$ 7,4 bilhões no PIB agrícola brasileiro em 2020. Essa perda pode dobrar para R$ 14 bilhões em 2070.
No estudo, os pesquisadores trabalham com dois cenários para os anos de 2020, 2050 e 2070. O cenário A2 é mais pessimista e, de acordo com os pesquisadores, ocorrerá se pouco for feito para reduzir as emissões de CO2 . Ele trabalha com aumento da temperatura entre 2°C e 5,4ºC até 2100. Nessas condições, o impacto negativo anual seria de R$ 7,4 bilhões no ano de 2020 e R$ 14 bilhões em 2070.
Já o cenário B2 é um pouco mais otimista, que prevê aumento de temperatura entre 1,4°C e 3,8ºC. Nesse caso, os prejuízos projetados variam de R$ 6,7 bilhões, em 2020, a R$ 12,1 bilhões em 2070.
As maiores perdas estão previstas pelo estudo serão nas lavouras de café e de soja. O café apresenta tendência de sair das áreas tradicionais como São Paulo, Minas Gerais e Paraná, e passar a ser cultivado no Sul da Bahia, em 2050. Para a soja, as projeções mostram perdas de R$ 8 bilhões em 2070.
O Leste da Bahia, por exemplo, que é atualmente um grande produtor de grãos, poderá enfrentar escassez de água para irrigação, com o aumento das temperaturas. As áreas cultivadas com milho, arroz, feijão, algodão e girassol deverão sofrer queda acentuada de produção no Nordeste do País.
Apenas a cana-de-açúcar e a mandioca é que não sofrerão o impacto do aquecimento, garante o estudo. No caso da cana-de-açúcar, o estudo prevê aumento na produção porque a modificação climática continua sendo adequada a essa cultura. Já a mandioca poderá migrar para outras áreas do País, deixando o Nordeste. A raiz, de acordo com a pesquisa, encontrará boas condições de ser cultivada na Amazônia, ainda que não imediatamente.
O objetivo do estudo é o de demonstrar que medidas urgentes devem ser tomadas pelos governos com o objetivo de diminuir a emissão de CO2 na atmosfera.
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