Com base no preço médio da cesta básica de Porto Alegre (R$ 246 72), a mais cara do País no mês de junho, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) estimou que o salário mínimo ideal para suprir as despesas de uma família com dois adultos e duas crianças seria no mês passado de R$ 2.072,70, o que representa 4,99 vezes o valor atual, de R$ 415. Isto é, o salário mínimo atual, mesmo com os vários ganhos reais (acima da inflação), desde a posse de Lula, em 2003, é quase cinco vezes menor que seu valor constitucional. Em maio, o salário mínimo contitucional foi calculado pelo Dieese em R$ 1.918,12, o que representava 4,62 vezes o piso. Já em junho de 2007, o mínimo ideal era de R$ 1.628,96, ou 4,28 vezes o piso em vigor à época, de R$ 380.
A inflação, concentrada principalmente nos alimentos, já subtraiu boa parte dos ganhos reais obtidos pelo mínimo e se o comportamento dos preços continuar com a mesma tendência observada atualmente o reajuste previsto para 2009, de 9%, provavelmente não será suficiente sequer para recompor as perdas impostas pela disparada dos preços dos alimentos.
O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2009, aprovado pelo Congresso Nacional na última terça-feira (15), prevê aumento do salário mínimo de R$ 415 para quase R$ 455. Isto significa um crescimento de pouco mais de 9%. O novo valor do mínimo pode entrar em vigor a partir do dia 1° de fevereiro. Mas a medida ainda precisa ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o movimento sindical deve ficar em alerta, pois se a inflação não for contida a valorização do salário mínimo demandará a luta por um reajuste mais expressivo.
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