As vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), mais uma instituição revisa para cima sua projeção para o rumo da Selic. Desta vez foi o Citibank Brasil, que substituiu sua estimativa de alta de 0,50 ponto percentual pela de 0,75 pp na próxima semana.
No relatório de julho, a equipe do UBS Pactual também explicitou a mudança de posição nesse sentido. Se a expectativa destas instituições estiver correta, a Selic volta a 13% ao ano, nível verificado pela última vez em janeiro do ano passado.
O economista-chefe do Citibank, Marcelo Kfoury, não descarta a possibilidade de mais instituições mudarem suas projeções até quarta-feira, quando a decisão do Copom será anunciada. "Isso pode acontecer se a Focus voltar a mostrar piora", afirmou.
Uma das razões apontadas por Kfoury foi a deterioração das expectativas do mercado na pesquisa semanal Focus, do Banco Central, para a inflação de 2009. O documento mostrou que houve uma alta da mediana das projeções de 4,91% para 5% no período. Kfoury acredita que a própria projeção do Banco Central para a inflação do próximo ano deve passar por uma alteração de 4,7%, de acordo com o último Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ao final de junho, para 5,1%."Se o BC não abandonou a meta e a projeção continua a subir, é compreensível que acelere a alta agora", continuou.
O economista do Citi acredita que as expectativas para a inflação deste ano devam atingir o teto do intervalo da meta de 6,50% - na última Focus, a mediana já estava encostada neste porcentual, em 6,48%. "Assim, a chance de 25% de ultrapassar o máximo, vista no relatório de inflação do BC, já deve estar em 50%", comparou.
O economista citou ainda que não há "indícios sólidos" de que a economia doméstica já passe por uma desaceleração, como mostrou os dados das vendas do varejo de maio, divulgados na última terça-feira pelo IBGE e que revelou uma elevação de 0,6% em relação a abril e de 10,9% ante maio do ano passado. "Há algumas casas, inclusive, projetando uma produção industrial forte em junho", disse.
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