A idéia é formar uma rede de dados, a partir de trabalhos conjuntos com metodologia comum, disponível na internet
Criar o Índice de Desenvolvimento Social para a região nordestina foi uma das principais propostas discutidas ontem, no I Encontro das Instituições de Estatísticas Econômicas e Sociais do Nordeste, promovido pelo BNB, em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
De acordo com Adriano Sarquis, gerente da Central de Informações Econômicas, Sociais e Tecnológicas do Etene (Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste), ´a padronização das informações estatísticas dos diversos Estados iria suprir uma carência de informações que serviriam de monitoramento para avaliar a evolução econômica e social das diversas áreas. Além de ser útil como norteador das políticas públicas, seria um balizador para as empresas que quisessem investir na região´.
Sarquis destacou que ´a idéia é formar uma rede de dados a serem disponibilizados na Internet a partir de trabalhos conjuntos com metodologia comum´. ´Quando se mobiliza diversos atores — técnicos de todos os institutos de Planejamento dos Estados do Nordeste, professores e pesquisadores das universidades e usuários das informações de natureza econômica e social — há um aperfeiçoamento maior da produção estatística e propicia melhorias na qualificação das políticas públicas de desenvolvimento´, detalhou.
Assimetria
Sarquis frisou que ´no caso do Nordeste, a assimetria caracteriza as políticas de geração de informações. Uma base comum de fácil acesso facilitaria as definições tanto para o governo como para o setor privado, permitindo que as empresas tenham conhecimento do local onde eventualmente pretenda investir´. Para Wasmália Bivar, diretora de Pesquisas do IBGE, ´uma questão básica da estatística é ser de longa maturação e envolver altos custos´. ´Hoje, é primícia do Instituto que toda pesquisa tenha cobertura nacional. Informações econômicas a nível municipal, estamos devendo; embora estejamos em processo de negociação para ter acesso às informações do Imposto de Renda´, justificou.
Wasmália Bivar frisou que o País não tem uma política de gestão de informações. ´Os temas envolvidos atualmente são enormes. Temos um estudo estatístico muito grande, mas é preciso pensar sobre o seu uso´. ´Embora os dados do IBGE sejam gratuitos — o que não acontece em muitos outros países — são de difícil acesso´, ponderou a especialista.
Para o economista brasileiro Marcelo Néri, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), ´o Ceará é pioneiro, não só no País como no Nordeste, em vincular os contratos de desempenho medidos sob a ótica dos indicadores socioeconômicos´. ´É claro, que é uma agenda incompleta, mas os técnicos cearenses se preocupam com a cozinha dos dados´, salientou.
INTEGRAÇÃO PREVISTA
Plano regional da Sudene só em 2009
Um Plano de Desenvolvimento para o Nordeste com diretrizes para possíveis investimentos na região os desafios que precisam ser superados está em elaboração pela Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). A versão preliminar será apresentada a todos os governadores nordestinos entre os meses de outubro e novembro. O documento final, porém, só será divulgado em janeiro ou fevereiro de 2009, de acordo com Saumíneo da Silva Nascimento, diretor de Planejamento e Articulação de Políticas da Sudene.
Segundo Nascimento, ´coerente com uma visão macroeconômica e de cooperação entre os vários Estados da região, o plano prevê uma integração logística´. ´Vamos buscar recursos tendo em mente, por exemplo, um modal ferroviário´.
Semi-árido
Outro ponto a ser destacado no documento diz respeito a um estudo especial sobre o semi-árido. ´É uma região frágil do ponto de vista geográfico e estigmatizada com os fenômenos da seca; por isso, foi desenvolvido o conceito de ´convivência como semi-árido´, onde organismos de desenvolvimento, traçam estratégicas específicas para essa área´.
Nesse contexto, ´o semi-árido é um capítulo à parte. Temos que trabalhar fatores de atratividade, via setor privado, por meio do BNB e via setor público, captando recursos junto a órgãos internacionais´.
Para Saumíneo Nascimento, ´planejar é o melhor esteio para o desenvolvimento. Informações contínuas são importantes base para o planejamento´. ´O Ceará, por exemplo, que deve receber empreendimentos como a refinaria e siderúrgica, precisa de dados de mão-de-obra. Ao invés de importar pessoal, investir na formação de profissionais de forma a ampliar base de emprego local´.
Quanto a criação do Índice de Desenvolvimento Social, Nascimento destacou a necessidade de ampliar e centralizar os dados que estão dispersos nos vários Estados e ligar em rede´. Ele adiantou que a Sudene está com uma base de dados que pode ser acessada pelo site www.sudene.gov.br.
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