Está mais caro conseguir crédito no Brasil. De olho no aumento da inflação e dos juros, instituições financeiras tendem a ficar mais cuidadosas para diminuir riscos de inadimplência
A tentação é grande: até 72 meses para pagar o tão sonhado carro novo. É, mas ao que tudo indica, a elasticidade do crédito deve sofrer uma freada. As instituições financeiras já estão mais exigentes na hora de aprovar cadastros e o consumidor, por sua vez, já começa a sentir a renda ser corroída pela inflação.
"Os bancos precisam ficar mais atentos para proteger o cliente", diz José Arthur Assunção, vice-presidente da Associação das Empresas de Investimento, Crédito e Financiamento (Acrefi). Assunção complementa que o recomendado era que o trabalhador comprometesse até 25% da renda com prestações, agora 20%, 'para sobrar mais dinheiro'.
Segundo Hilgo Gonçalves, executivo-chefe da Losango, a promotora, ligada ao HSBC, não quer restringir a concessão de crédito, e sim, trabalhar a favor do que chama de crédito consciente. "Queremos que nossos clientes tenham capacidade de honrar seus compromissos e se conscientizem de como usar o dinheiro da melhor forma", afirma.
Peso
Quem ganha menos, deve sentir mais o peso do crédito. A Equipe do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos chama atenção para o encarecimento de itens básicos como alimentos no orçamento familiar. De acordo com a Equipe, a disponibilidade de crédito não deve mudar, mas 'o trabalhador vai começar a sentir o custo do crédito'.
O economista Henrique Marinho explica que o crédito é importante para o crescimento econômico, mas "quando a demanda cresce mais do que a economia gera inflação. Daí as instituições financeiras focam no crédito aumentando juros". Ele reforça que juros maiores interferem no poder de compra, mas que os efeitos do aumento da taxa de juros pelo Banco Central, por exemplo, só começa a ser sentido entre três e seis meses depois.
Marinho estima que a partir de agosto as pessoas devem começar a perceber que estão pagando mais caro no cartão de crédito, nas prestações de bens e no cheque especial. "A percepção é do consumidor e das instituições financeira, que passam a ser mais rigorosas ao emprestar", diz.
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