A realização do Congresso da Conlutas foi uma grande vitória. Depois de quatro anos, desde o encontro de Luziânia, em 2004, passando pela fundação da Conlutas em 2006, o Congresso coroa uma política acertada de inúmeras entidades e movimentos que buscavam uma alternativa para a luta dos trabalhadores, estudantes e movimentos populares no Brasil.
O que temos após esse processo é uma Conlutas fortalecida nas mais diversas regiões do país, cuja organização se dá pela base dos movimentos sindical, sociais, populares e estudantil.
O 1º Congresso da Conlutas reuniu 3.500 pessoas, com 2.805 delegados representando 500 entidades e 175 sindicatos.
Foram quatro dias debates, de aprovação de políticas para a Conlutas e de integração entre movimentos, entidades e militantes de todo o país.
Entre as resoluções foi aprovado o caráter sindical e popular da coordenação. A Conlutas continua a representar movimentos estudantis, sindicais, agrários e populares.
Foi decidido ainda o caráter político da Conlutas, como combativa, classista e claramente defensora do socialismo para um projeto de sociedade. É uma entidade independente dos governos e dos patrões. Tem autonomia em relação a partidos políticos, mas não exclui a atuação da militância dos partidos do campo da classe trabalhadora.
Os delegados aprovaram as resoluções reafirmando que a Conlutas faz oposição de esquerda aos governos federal, estaduais e municipais e busca organizar a luta para derrotar o projeto neoliberal.
No segundo semestre o movimento sindical, ligado à Conlutas, detonará uma campanha nacional pelo gatilho automático dos salários diante do aumento de preços.
Para o tema das eleições, a plenária aprovou, entre outros pontos, a indicação de que os trabalhadores, ao votar, façam uma opção de classe e votem nos candidatos dos partidos da classe trabalhadora que sejam oposição ao governo. Contudo, a resolução considera a ação direta dos trabalhadores prioritária em relação à ação institucional e às eleições burguesas.
Também foram tiradas resoluções quanto ao movimento agrário, feminino, homossexual e negro. Este último lançou ainda o Novo Movimento Negro classista e socialista. Em relação às opressões foi definida a defesa de cota para negros nas universidades e de cota de mulheres nas direções sindicais.
Outro ponto importante foi o chamado para a Intersindical e outros movimentos combativos, para formar um pólo de lutas no país. Enquanto não surge uma nova central, a Conlutas tem como política a unidade nas lutas cotidianas.
A entidade também vai passar a ter uma secretaria executiva para tocar os trabalhos cotidianos. Este órgão será eleito pela plenária de entidades e sua composição é flexível.
Entre as bandeiras de luta internacionais, foi aprovada a exigência de saída das tropas brasileiras do Haiti e das tropas imperialistas do Iraque e do Afeganistão, a saída de Israel da Palestina. Além disso, os direitos e a legalização dos imigrantes em todo o mundo. Os grupos de trabalho fizeram adendos que foram aprovados em conjunto com a resolução, como a reivindicação de internacionalismo proletário e independência política em relação a todos os governos capitalistas.
O Congresso da Conlutas aprovou a defesa do não pagamento das dívidas, externa e interna, com uma campanha nacional contra o pagamento da dívida.
Depois da votação foram votadas moções de apoio e solidariedade às lutas que ocorrem pelo país, como a luta dos operários de Goiânia contra as demissões política e a greve dos trabalhadores dos Correios.
Ato de encerramento - Integrante da Comissão Organizadora, Cacau Pereira, abriu o encerramento agradecendo em nome da Coordenação Nacional de Lutas a presença de todos os que ajudaram na organização do Congresso: equipes da creche, da cozinha, limpeza, transporte, segurança, imprensa, gráfica, relatoria, enfim, todos os que contribuíram para que aquele evento acontecesse.
Pediu desculpas pelas dificuldades enfrentadas, como os problemas com os alojamentos, a distância das pousadas etc. “Entretanto”, ressaltou Cacau, “esse Congresso foi realizado com independência política e financeira e isso é um grande orgulho para todos nós”.
A Internacional Socialista foi tocada ao som da sanfona, em seguida foi apresentado um vídeo com a história da luta dos trabalhadores brasileiros e da Conlutas, o que emocionou o plenário.
Todos (as) saíram cantando “Eu sou Conlutas, sou radical, não sou capacho do governo federal”.
Papel picado, abraços emocionados, bandeiras tremulando, malas, mochilas, cansaço se confundindo com satisfação e com disposição para novas lutas. E, para muitos, a perspectiva de enfrentar de 10 até mais de 50 horas de viagem para voltar as suas regionais. Novamente as estradas receberão os ônibus com todos os delegados (as), observadores (as) e convidados (as) que vieram ao 1º Encontro Nacional da Conlutas. Mas todos voltam com a sensação do dever cumprido e com disposição para levar as resoluções e encaminhá-las em suas bases.
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