Se tivesse sofrido apenas correção durante todos os anos de vigência do Real, o salário mínimo em vigor hoje no Brasil seria de R$ 209,66, bem abaixo dos R$ 415,00 aprovados pelo governo federal em abril deste ano. É o que aponta o supervisor técnico do Dieese no Ceará, Reginaldo Aguiar. Porém, levando-se em consideração o salário mínimo original, pago pela primeira vez em julho de 1940, o piso de referência posto em prática atualmente no País equivale a apenas 40,47% do valor corrigido daquela época (R$ 1.025,47).
´Quando olhamos o valor absoluto (R$ 415,00) a gente acha que a melhora não foi significativa, mas em termos relativos, o percentual de aumento do mínimo, desde o lançamento do plano, foi grande. Porém ainda está aquém do que deveria ser, pois o piso foi dilapidado ao longo dos anos, tanto que equivale a apenas 40% do Salário original corrigido´.
De acordo com Aguiar, o argumento de que a Previdência Social não poderia arcar com o pagamento do salário-mínimo no patamar em que está também não tem fundamento. ´Isto não é verdade. A Previdência não quebrou como diziam que iria acontecer. A cada ano se inventa um desculpa para não aumentar o mínimo como deveria´, critica. Na sua avaliação, a arrecadação dos impostos têm crescido e muito se deve à elevação do salário-base, pois as pessoas estão consumindo mais.
´Desde o governo Collor, continuando pelo governo Fernando Henrique, as questões trabalhistas se tornaram muito flexíveis. Isto tem um impacto negativo na Previdência. A adoção de banco de horas pelas empresas tem feito com que elas não contratem mais trabalhadores. Assim, com menos gente contribuindo, a Previdência deixa de arrecadar´. Além disso, Reginaldo Aguiar acrescenta: ´Se o País continuar crescendo a taxas ridículas, as empresas não empregam e isto também impacta na Previdência´, argumenta. (ADJ)
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/caderno.asp?codigo=13&CodigoEd== |