Em reunião com os governadores do Nordeste, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a região pode recuperar, neste ano, o atraso na produção de energia eólica e assegurou para 2009 um leilão específico. Para o governador Cid Gomes, até o fim de 2008 o Ceará será o estado com maior potencial instalado no País
Um ano de recuperação para os atrasos da energia eólica no Nordeste brasileiro. É essa a avaliação do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, para 2008, no cenário de produção da energia a partir dos ventos. "Houve certo atraso, mas não por falta do Governo Federal", defendeu Lobão, no evento "Diálogos sobre Energia Eólica", realizado ontem no Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
O ministro afirmou, ainda, que não faltam investimentos ou financiamentos no setor e acrescentou que o avanço do Rio Grande do Sul, na instalação dos projetos eólicos, não significa falta de vontade política. "Isso pode ser recuperado neste ano", enfatizou. Na reunião, que contou com governadores da maioria dos estados nordestinos, ficou determinada a realização de um leilão exclusivo para a energia eólica. A previsão é que isso ocorra no início de 2009.
De acordo com o presidente do BNB, Roberto Smith, o ideal é que sejam realizados leilões anuais. Para tanto, é preciso que as empresas se organizem e tenham capacidade de investir. "O que aconteceu foi que muita gente ganhou o leilão e não tinha capacidade de investir", observou Smith. Contrariando a idéia de que a energia eólica ainda é muito cara no Brasil, o presidente da instituição afirmou que a avaliação geral foi de que o custo de produção nacional está dentro da média mundial. "Vamos ter condição de competir com custos mais baixos", destacou. Smith afirmou, também, que o encontro de ontem deve gerar um documento que será enviado ao Ministério. Com isso, outras duas reuniões - uma com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e outra com o ministro Lobão - devem ser realizadas para debater o tema.
Otimismo A opinião mais otimista é, na verdade, do governador do Ceará, Cid Gomes. "Até o final do ano vamos ser, disparado, o Estado com maior potencial do País", apontou. Segundo ele, esse é um momento de "quebrar tabus em relação a alguns argumentos técnicos". Assim, o governador apontou que é preciso desmistificar que essa seja uma energia cara. Cid Gomes afirmou que a eólica deve ser encarada como uma fonte energética estratégica para a região e complementar à hidroelétrica. Além disso, o governador destacou que há uma grande demanda por mais estudos técnicos.
O governador destacou também que os estudos que vêm sendo realizados têm apontado para um potencial superior ao estimado inicialmente. É o caso, por exemplo, do município de Acaraú. "Temos 55% de potencial em algumas regiões (de Acaraú)", afirmou. O governador complementou, dizendo que o mapa eólico do Estado precisa ser atualizado. Cid Gomes afirmou ainda que há estudo de 25 mil megawatts (MW) em terra, mas esse total pode ser superado com o estudo de novas altitudes e da instalação no próprio mar. "Não há nenhum estado no Brasil que tenha uma quantidade tão grande no Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica) quanto a gente", enfatizou.
Ministro não confirma refinaria, mas ressalta que Ceará não tem impedimentos técnicos O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a refinaria do Ceará encontra-se em estudos avançados. Segundo Lobão, a refinaria do Maranhão já está definida. Enquanto isso, o Ceará não tem impedimentos técnicos ou políticos para ter sua unidade de refino. Ainda nesta semana, o governador Cid Gomes deve se encontrar com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli.
"Espero que a gente possa dar mais um passo na concretização desse investimento que vai mudar a economia do Ceará", destacou o governador ontem, no evento "Diálogos sobre Energia Eólica". Cid Gomes afirmou ainda que as questões de água e energia já foram definidas e destacou que o Governo já contabilizou as alterações a serem feitas no Porto do Pecém.
Apesar de não haver uma definição sobre a vinda do empreendimento para o Estado, o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Antônio Balhmann, diz com convicção que a instalação de uma refinaria da estatal no Ceará já está concretizada. Segundo ele, trata-se de mais de uma questão estratégica do que uma decisão política. Explica que a empresa precisa se preparar com antecedência para a exploração dos campos de petróleo na bacia de Campos, Tupi e outras ocorrências e a localização dos portos do Pecém, Suape e Itaqui é privilegiada para o destino e distribuição que serão dados.
Segundo a Petrobras, a intenção é investir US$ 11 bilhões na refinaria do Ceará para processar derivados de petróleo, com exceção de gasolina. "Aproximadamente 60% do refino será de diesel e o restante um mix de QAV, GLP e nafta", informa a assessoria da companhia de petróleo. Também sobre a refinaria cearense adiantou que um grupo de trabalho, formado por técnicos do Ceará e Petrobras, já estuda questões como licenciamento ambiental e fornecimento de energia para a unidade.
A previsão é construir uma refinaria Premium com uma produção de 300 mil barris/dia, em operação em 2014. Balhmann diz que em todo grande projeto, no mundo inteiro, memorandos de entendimento são assinados. Adianta que os 120 dias são o prazo máximo proposto pela empresa, mas que antes ele deverá ser firmado porque os entendimentos estão adiantados. O presidente da Adece não descarta que o documento, que dá início ao projeto técnico e o balizamento jurídico, possa ser assinado em julho na inauguração da Planta de Regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL), no Porto de Pecém.
Fonte: http://www.opovo.com.br/opovo/economia/
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