É preciso reduzir a jornada, sem redução de salários e direitos e sem banco de horas
As centrais sindicais e a Coordenação dos Movimentos Sociais entregaram ontem (dia 3), no Congresso Nacional, em Brasília, um abaixo-assinado com mais de 1,5 milhão de assinaturas em favor da redução da jornada de trabalho.
Após o recebimento, o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que haverá um esforço da casa para que as negociações entre governo, trabalhadores e empresários sobre o assunto se iniciem ainda na semana que vem.
A luta pela redução da jornada de trabalho é legítima e tem o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e da Conlutas. Afinal, é preciso trabalhar menos, para que mais pessoas trabalhem.
Este é o objetivo da campanha em prol da redução da jornada de trabalho que acontece em todo o país. No entanto, somente a redução da jornada de trabalho não basta!
É preciso que a redução da jornada seja implantada sem a redução de salários e sem banco de horas. Só assim serão gerados novos empregos.
Segundo um levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos), a redução da jornada, de 44h para 40h semanais, sem banco de horas, geraria cerca de 2,2 milhões de novos empregos em todo o país. Em São José dos Campos, só na categoria metalúrgica seriam 4.000 novas vagas.
A CUT e a Força Sindical estão a favor da redução da jornada, mas ignoram a luta contra a diminuição de direitos e o banco de horas.
Vários de seus sindicatos realizam acordos, entregando os direitos dos trabalhadores e aceitando o banco de horas. É o que acontece no ABC e em Taubaté, por exemplo.
O fato é que a redução da jornada de nada servirá se vier acompanhada de redução de direitos ou flexibilização da jornada, como aceitam a CUT e a Força e até alguns empresários.
Isso porque com o banco de horas, os patrões terão carta branca para ajustar a mão-de-obra do trabalhador de acordo com as necessidades da produção. Também deixará de existir a jornada fixa de trabalho. Com essa facilidade, as empresas não contratam e o tiro sai pela culatra: depois de toda a luta, a redução da jornada poderá não gerar empregos, que é o objetivo central de toda a campanha.
Na GM, em São José dos Campos, os metalúrgicos disseram não a essa chantagem de redução de direitos e iniciaram uma campanha internacional contra o banco de horas e a redução de salários, inclusive visitando metalúrgicos da GM em outros países, como Equador, Venezuela e Estados Unidos.
Por isso, fazemos um chamado à CUT e à Força para que também passem a lutar pela redução da jornada sem redução de direitos. Caso contrário, estarão, mais uma vez, enganando a classe trabalhadora.
Fonte: http://www.conlutas.org.br/ |