Poluição atmosférica brasileira mudou de perfil. Depósito para lixo radiotivo no País é uma preocupação
Sob cobrança global por fracassar no combate ao avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia - que o coloca entre os líderes mundiais na emissão de gases de efeito estufa -, o Brasil se antecipou no cumprimento das metas internacionais de redução de substâncias que destroem a camada de ozônio. O paradoxo no meio ambiente se destaca na pesquisa Indicadores do Desenvolvimento Sustentável (IDS) Brasil 2008, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O diagnóstico congrega 60 indicadores produzidos ou reunidos pelo instituto, na terceira edição do IDS - as duas anteriores foram feitas em 2002 e 2004.
O estudo também mostra que a poluição atmosférica brasileira mudou de perfil. As emissões industriais caíram, mas o ar é afetado negativamente pelo aumento da frota de veículos, fruto do crescimento econômico, e pela queima de mata e de cana-de-açúcar.
Por outro lado, "o Brasil vem reduzindo aceleradamente o consumo de substâncias destruidoras da camada de O3 (ozônio), superando as metas estabelecidas para o País no Protocolo de Montreal", assinala o estudo.
Quanto ao gás carbônico, um dos causadores do efeito estufa, contudo, a situação brasileira se inverte. "No caso do Brasil, a principal fonte de emissão de CO2 é a destruição da vegetação natural, com destaque para o desmatamento na Amazônia e as queimadas no Cerrado", diz o estudo. "Essa atividade responde por mais de 75% das emissões brasileiras de CO2, sendo a responsável por colocar o País entre os dez maiores emissores de gases de efeito estufa."
Para o responsável pelos indicadores ambientais do estudo, o biólogo Judicael Clevelario Junior, a pesquisa mostra um quadro contraditório. "Há bons indicadores, mas desmatamento e queimadas ainda têm dados muito ruins", disse.
Entre os anos de 2003 a 2006, a área desmatada da Amazônia Legal cresceu 9,92%, segundo cálculos baseados em números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) citados na pesquisa, passando de 652.248 km2 para 716.994 km2.
O Brasil está prestes a iniciar a construção de sua terceira usina nuclear -anunciada para este ano pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff-, mas ainda não tem depósitos específicos para armazenar seu lixo radioativo, segundo o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável. A publicação mostra que o único depósito adequado no país guarda, exclusivamente, rejeitos do acidente com Césio-137, que ocorreu em Goiânia, em 1987. O depósito fica em Abadia de Goiás (GO). (das agências)
DIAGNÓSTICO DO PAÍS
BOAS NOTÍCIAS
Ar - Poluição nos grandes centros cai ou se estaciona de 1995 a 2006, especialmente o total de partículas e as inaláveis
Solo - Aumenta o número de Reservas Particulares de Patrimônio Natural -de 366 em 2003 para 429 em 2006
Biosfera - A apreensão de mamíferos que seriam destinados ao comércio ilegal dobrou de 2000 a 2005. Passou de 518 para 1.121 animais
Energia - Participação de fontes renováveis na matriz energética brasileira sobe de 41% em 2002 para 45,1% em 2006
MÁS NOTÍCIAS
Ar - Em São Paulo, aumentou ligeiramente o número de dias ao ano em que a poluição superou o limite, passando de 158 em 2005 para 168 em 2006. Uma vez a cada dois a poluição passou do limite tolerável. Na contramão dos demais, o ozônio foi um dos únicos poluentes cuja emissão aumentou nos grandes centros urbanos
Solo - A quantidade de fertilizantes vendidos disparou 104% -de 69,4 kg/hectare em 1992 a 141,4 kg/hectare em 2006. O dado positivo é que elevou a produtividade agrícola. Minas Gerais é o recordista no uso de fertilizantes. Já São Paulo é o que mais utiliza agrotóxicos
Água - Poluição de rios que cortam grandes cidades não melhora. Nenhum alcança nível ótimo. Situação é pior no Tietê (SP) e no Iguaçu (Curitiba)
INSTITUCIONAL
Esforço do governo para promover o desenvolvimento sustentável é incipiente. Gasto com pesquisa e desenvolvimento não chega a 1% do PIB
Fonte: http://www.opovo.com.br/opovo/brasil/
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