Aleppo pede socorro. Milhares de pessoas estão sitiadas em uma determinada região desta cidade síria, bombardeada fortemente pelas forças do regime de Bashar al Assad há cerca de 10 dias, e com mais intensidade desde esta segunda-feira (12).
A reconquista desta área rebelde será a maior vitória em campo para o ditador Bashar al Assad e sua coalizão com a força aérea russa, o Irã e milícias xiitas.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU recebeu relatos de ao menos 82 civis mortos, dentre eles 11 mulheres e 13 crianças. Há também informes de que soldados invadiram casas e mataram indiscriminadamente as pessoas.
Estes são dados preliminares e oficiais. Segundo ativistas e organizações de direitos humanos, o número pode ser muito maior até o momento, e alarmante caso não haja corredor humanitário para a entrada de ajuda humanitária e suprimentos de emergência para cuidados médicos e alimentação.
Fábio Bosco, do setorial internacional da CSP-Conlutas e da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, interviu em ato de hoje (13), contra a PEC 55, organizado pelo Sintrajud, para falar a respeito desta crise humanitária. Segundo ele, mais de cem mil pessoas estão sitiadas e necessitam de apoio para manter a segurança local e evitar mais violações graves de direitos humanos. “Se não houver entrada de ajuda humanitária e presença de organizações de direitos humanos nesta região, se não cessarem o cerco, elas serão chacinadas pelas tropas terrestres. O exército sírio capturou 70 jovens e matou um a um”, relatou.
Segundo informações divulgadas pela Al Jazeera, um acordo foi firmado entre Rússia e Turquia para garantir entrada de ajuda humanitária. A retomada de Aleppo pelo regime de Assad deve agravar ainda mais a situação de fluxo migratório e deslocamento interno.
Apoio no Brasil
Nesta quarta-feira (14), ocorrerá um ato, na Avenida Paulista, a partir das 17h, em solidariedade ao povo sírio. Confirme presença no evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/337289433322047/
Mensagens de desespero
Civis sírios têm compartilhado nas redes sociais vídeos considerados por eles como as “últimas mensagens” por pedido de socorro e atenção internacional. E na verdade muitas destas manifestações podem, realmente, se tornar um último chamado por ajuda.
Há tweets com mensagens de adeus de sírios que desesperadamente pedem ajuda. O perfil de Bana Alabed, síria que relata o cotidiano na rede social, descreve o horror dos ataques. “Mensagem de adeus – pessoas estão morrendo desde ontem à noite. Eu estou impressionada de poder estar twitando agora e ainda estar viva”, escreveu.
Confira um relato (em inglês) abaixo:
O jornalista Bilal Abdul Kareem também publicou sua possível última mensagem, e relatou que as pessoas torcem para que chova em Aleppo, e assim os ataques aéreos cessem por algum tempo.
Ele ainda descreve a dificuldade de atendimento médico em hospitais, que também têm sofrido ataques aéreos, e de como é chocante o estado de clínicas localizadas em regiões de difícil acesso. “estas clínicas estão lotadas de pessoas, deitadas no chão em piscinas de sangue. Há muito sangue e os médicos e enfermeiros usam botas enquanto atendem os pacientes”.
Já são cinco anos de resistência do povo sírio contra o regime do ditador Bashar al Assad. Esta é a pior situação de crise humanitária com um saldo preocupante de refugiados e deslocados internos.
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