O principal reservatório do Estado, o açude Castanhão, que abastece a Grande Fortaleza, chegou ao pior nível desde que foi construído: 5,17%, o que representa 346,6 milhões de metros cúbicos. O Castanhão não chega a este nível desde 2004, quando 5,5 bilhões de metros cúbicos, dos 6,7 bilhões de capacidade máxima, foram armazenados em apenas 40 dias.
A Barragem do Castanhão é o principal complexo hídrico, responsável pelo abastecimento humano de Fortaleza e sua Região Metropolitana. Cerca de 3,8 milhões de pessoas dependem das águas do Castanhão. Em 2016, as chuvas no primeiro semestre ficaram 25% abaixo da média histórica no Ceará, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Estação chuvosa
De acordo com o meteorologista Alexandre Nascimento, as condições presentes no oceano Pacífico equatorial seguem apontando para uma boa estação chuvosa em 2017 no Ceará e no Nordeste, com chuvas na média ou até acima dela. "Apesar de a chuva estar demorando para começar, a expectativa é de que chova bem mais que nos últimos anos”, diz.
"A condição para que ocorram chuvas acima da média histórica é infinitamente melhor que a dos últimos anos. Nós já vínhamos com chuvas irregulares desde 2012. No último ano, com o super El Niño que se formou, foi o último prego para fechar o caixão. Para o próximo ano, mesmo que a La Niña não se forme – oficialmente, [existe] uma condição mais fria do que o normal no Pacífico equatorial, que se desenha favorável ao Nordeste."
O El Niño é o aquecimento anormal do oceano Pacífico equatorial que provoca mudanças na circulação da atmosfera, causando fenômeno como secas e enchentes em várias partes do globo. O La Niña, por sua vez, é o oposto. O fenômeno é responsável pelo esfriamento das águas do oceano Pacífico e, como consequência, as águas do Atlântico sofrem um aquecimento para que haja um equilíbrio na temperatura atmosférica.
Períodos de chuva
O período de chuvas, no Ceará, pode ser dividido em três fases - pré-estação, estação e pós-estação – e se estendem de dezembro a meados de junho. As chuvas que ocorrem em dezembro e janeiro, chamadas de chuvas de pré-estação, são causadas basicamente por frentes frias que vem do Sul, o que acaba afetando a atmosfera do Nordeste.
O segundo momento das chuvas é aquele que vai mais ou menos de fevereiro a maio. Essa estação de chuva é causada por um sistema chamado de Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), é o sistema meteorológico mais importante na determinação de quão abundante ou deficiente serão as chuvas no Norte do Nordeste do Brasil.
A ZCIT se forma pelo encontro dos ventos úmidos do hemisfério sul e do hemisfério norte e age sobre o Norte e Nordeste durante o verão e o outono. A convergência dos ventos faz com que o ar, quente e úmido ascenda, carregando umidade do oceano para os altos níveis da atmosfera ocorrendo a formação das nuvens.
Reservatórios
Segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), dos 153 açudes do Ceará 134 estão com volume abaixo de 30%, 104 reservatórios estão com volume abaixo de 10% e 48 estão secos.
Quarenta e cinco alcançaram o chamado volume morto, ou seja, atingiram a reserva de água reserva de água mais profunda da represa, que fica abaixo dos canos de captação. Juntando o volume das 12 bacias que abastecem o estado do Ceará, o volume de água armazenado no estado está em 6,9%.