As operações de crédito no Ceará estão estagnadas. De dezembro a julho deste ano não houve crescimento do setor no Estado, segundo os dados divulgados pelo Banco Central (ver tabela). Atingir uma variação nula no acumulado do primeiro semestre de 2016, depois de uma época de dinheiro farto, mostra bem o fundo do poço.
No Ceará, pelas informações do BC, o saldo das operações de crédito registrou R$ 64,6 bilhões em junho. Nos bons tempos de crescimento econômico baseado no consumo, o crédito fácil atingiu uma ampliação nominal de 47,8% ao ano, como ocorreu em 2008, mesmo com a crise internacional.
A situação era bem diferente da realidade de agora. No primeiro semestre de 2016, as pessoas físicas, que demandam crédito essencialmente para consumo, apresentaram crescimento de 2,4%, com elevação em operações de cheque especial, crédito pessoal, enquanto que as pessoas jurídicas, onde se direcionam recursos para produção e formação de estoques, recuou 2,4%.
Tais dados são preocupantes e reveladores. O economista Allisson Martins explica que esse era um dos poucos indicadores que se mantinha positivo e que agora também sucumbiu diante da crise, como se já não bastassem os índices de desemprego, indústria, comércio e serviço.
O economista destaca que, analisando de perto os dados, a única coisa que cresceu foi o crédito considerado pouco saudável: tomadas de empréstimo por crédito pessoal e cheque especial, mostrando mais uma vez o nível de dificuldade das famílias para honrar os seus compromissos.
No Brasil, o crédito para veículos, por exemplo, caiu 7,5% no semestre. No Ceará, a história não foi diferente e os financiamentos para a formação de patrimônio, como o de veículos, também estão sendo adiados pelas famílias que esperam dias melhores.
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