A distribuição de renda no Brasil é ainda pior do que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estudo elaborado por economistas da Tendências Consultoria Integrada, com base nos dados da Receita Federal, aponta que renda da classe A é 40,9 vezes maior que a da D e E. Na PNAD, a diferença apurada é 23,3 vezes.
O coordenador do Laboratório de Estudos da Pobreza do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen/UFC), João Mário de França, explica que essa diferença se deve a maior precisão de informações que se observa quando se utiliza a base de dados da Receita Federal. “Portanto não é surpresa esse resultado, já que na PNAD os rendimentos informados da Classe A são subestimados”, comenta. Acrescenta que, infelizmente, a maioria dos trabalhos utiliza a PNAD (mesmo sabendo desse problema) porque são dados públicos diferentemente da base de dados da Receita Federal.
“As pesquisas declaratórias (como a Pnad) são ineficientes para capturar a renda de aplicações financeiras, aluguéis e ganhos de capital”, afirma Adriano Pitoli, da Tendências. “Na verdade, ninguém tem esses números de cabeça”, completa, ressaltando que todo mundo sabe que a desigualdade de renda no País é enorme, “mas ela é muito maior do que se imaginava”.
O levantamento da Tendências deixa evidente a dificuldade da PNAD em apurar o tamanho da desigualdade brasileira. Nas famílias com renda entre cinco e dez salários mínimos, a massa de renda apurada pela Pnad é 13% menor do que mostra os dados da Receita Federal.
Na faixa de brasileiros com ganhos acima de 160 salários mínimos, a massa de renda captada pela pesquisa do IBGE é 97% menor do que os dados obtidos pela análise do Imposto de Renda.
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