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Saiu na Imprensa

  10/12/2015 

“A terceirização afeta a todas as pessoas, porque gera perda de qualidade no serviço público”

 

O avanço do processo de terceirizações na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) tem gerado precarização das condições de trabalho, acidentes, mortes e perda da qualidade do serviço. Entre os funcionários da empresa, cresce a distância entre os que ganham mais e os que recebem menos. A greve dos eletricitários, iniciada no dia 25 de novembro, mostra, até o momento, um impasse na negociação entre a empresa e os trabalhadores. O coordenador geral do Sindicato dos Eletricitários do Estado de Minas Gerais, Jefferson Leandro Teixeira, aborda estes problemas e explica por que os problemas do trabalhador da Cemig afetam a vida de toda a população.

Brasil de Fato - Uma das pautas centrais dos trabalhadores da Cemig tem sido a luta pela primarização. No que consiste essa luta e como ela afeta a vida dos usuários dos serviços de energia?

A primarização significa everter o quadro de terceirização e precarização do trabalho. Dados mostram que, atualmente, na Cemig, somos 8 mil funcionários do quadro próprio e 18 mil terceirizados. Os terceirizados são os que mais morrem. Em 2015, já aconteceram cinco acidentes fatais e um acidente com amputação.

A terceirização tem alto custo e um prejuízo muito grande para o consumidor. Ela afeta a todas as pessoas porque gera perda de qualidade no serviço público, perda de controle da produção pela empresa e perda do controle do processo de trabalho pelos trabalhadores. As empreiteiras lucram com material e serviço da Cemig. Além disso, a sociedade passa a ter menos concursos públicos, as pessoas perdem oportunidades de inserção no trabalho com estabilidade, possibilidade de galgar carreira, em uma empresa de grande porte.

E qual é a atual situação da carreira dos trabalhadores da Cemig?

Nos últimos dois concursos, que foram insuficientes quantitativamente, trabalhadores que entraram viram uma Cemig que não possibilita a carreira, por conta de um programa de RH deficitário e um plano de cargos e salários usado como ferramenta de cooptação de trabalhadores. Esse plano favorece apenas alguns trabalhadores, deixando os outros de fora.  A Cemig mantém um modelo de gestão imoral, privilegiando os maiores salários dentro da empresa.

O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fez um estudo referente ao período de 2010 a 2014. Em 2010, a diferença entre o maior e o menor salário na empresa era de 18 vezes. Em 2014, chegou a 32 vezes. Nos últimos quatros anos, os maiores salários chegaram a quase R$ 800 mil. O presidente da empresa recebeu mais de um milhão em Participação nos Lucros e Resultados. Os menores salários ficaram ao longo do ano recebendo a menor parcela desse montante.

E o que o sindicato reivindica?

Defendemos uma nova política de cargos e salários. Os trabalhadores têm que ter uma condição digna na carreira. Além disso, queremos a recomposição das perdas salariais mais aumento real e que a produtividade seja paga de forma linear. A empresa deveria pegar o montante do recurso e dividir igualmente pelo número de trabalhadores. Dessa forma, diminuiríamos a diferença entre as maiores e as menores remunerações. Cobramos a garantia de emprego, o que exige dialogar sobre as concessões.

Como o sindicato tem pautado o problema da saúde e segurança dos trabalhadores?

Queremos que seja dada autonomia ao trabalhador sobre processo de trabalho, numa lógica pensada a partir da ergonomia. A empresa deve garantir que todas as adaptações no trabalho sejam discutidas, pois a atual forma de adaptação está prejudicando trabalhadores e muitos argumentos da empresa sobre adaptações são autoritários. Também queremos que os trabalhadores acidentados, que tiveram que passar por cirurgias de amputação, tenham garantidas as próteses pela Cemig, para que tenham o mínimo de dignidade. 

Qual tem sido a postura da empresa frente às reivindicações?

Estamos negociando desde fevereiro, com várias reuniões, mas não tivemos resultados concretos. Houve uma frustração enorme em relação ao espaço de diálogo. No dia 4 de novembro, após o quinto acidente fatal de um terceirizado a serviço da empresa, quatro diretores do sindicato ficaram em vigília durante 15 dias na sala do comitê de negociação da Cemig. A vigília mostrou que o processo de negociação havia se esgotado, pois tivemos várias reuniões sem avanços concretos. A greve iniciada no dia 25 de novembro é fruto desse esgotamento e da indignação da categoria pela falta de soluções.

A gestão do PT na Cemig tem atacado o direito de greve. Ela não reconhece os terceirizados como trabalhadores que garantem as necessidades da população. Repudiamos essa postura, de retirar um direito legítimo dos trabalhadores, exigindo quadro mínimo de 50%. Em toda greve que fizemos na gestão do PSDB, pautamos o direito de greve. Em 2013, na maior greve de todas, negociamos dias de greve, que foram abonados pela empresa. Se a gestão do PT insistir em fazer igual ou pior do que o PSDB, eles vão ter que assumir o desgaste.

O que mudou com o novo governo estadual?

 A Cemig alterou sua política de lucros e dividendos. Antes, pagavam mais de 100% aos acionistas. Agora, vai pagar 25%. Outro avanço foi a garantia de manutenção da engenharia e tecnologia ambiental na área, aproveitando o know how da própria empresa.

Entretanto, na pauta corporativa, não vimos grandes mudanças. A designação da diretoria da empresa mostrou que teríamos muitas dificuldades. Diretores tucanos permaneceram em seus cargos, assim como gerentes e superintendentes. Isso tudo apontou o desafio maior da mudança de gestão.

A gestão de pessoas foi verticalizada, estipulando metas de cima para baixo, o que gera adoecimento dos trabalhadores. Os atuais gestores estão aí para manter os contratos com empreiteiros, a valorização da autarquia da empresa e os processos de terceirização.

Em 2013, o Sindieletro teve participação destacada no Plebiscito popular pela redução das contas de energia no estado. Mais de 600 mil pessoas aprovaram a redução da tarifa. Como está a situação hoje?

A redução da tarifa de energia é um compromisso do Pimentel que a gente tem cobrado. A empresa alega déficit hídrico, renovação de concessões, retirada do mercado livre e que as transações do setor elétrico trouxeram perdas, o que pediria a contenção de despesas e impediria a diminuição da tarifa. Da nossa parte, vamos continuar cobrando do governo esse compromisso.

 

Fonte: Brasil de Fato
Link: http://www.brasildefato.com.br/node/33652
Última atualização: 10/12/2015 às 10:40:52
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