Os quatro grandes bancos brasileiros de capital aberto - Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e BTG Pactual - concentram 71,85% de todo o volume administrado em fundos de investimentos no Brasil.No primeiro trimestre de 2015, essas quatro instituições arrecadaram juntas R$ 2,484 bilhões em receitas com a administração e a gestão do patrimônio de R$ 2 trilhões em recursos de terceiros.
"Devido à forte estrutura, os grandes bancos concentram a maior parte dos investidores e dos recursos e conseguem cobrar taxas de administração mais altas em fundos DI e de renda fixa", diz o diretor da Queluz Investimentos, Luiz Monteiro.
De acordo com os dados dos respectivos balanços publicados relativos ao primeiro trimestre de 2015, a evolução do patrimônio líquido dos clientes nos últimos 12 meses até março último favoreceu o aumento das receitas com taxas de administração mesmo num período de baixa captação líquida (entrada de novos recursos).
No líder Banco do Brasil, o patrimônio líquido administrado cresceu 15% para o montante de R$ 594,84 bilhões, enquanto as receitas avançaram 15,2% e atingiram R$ 1,081 bilhão no trimestre.
Na sequência, o Bradesco apresentou evolução de 12,1% no patrimônio administrado para R$ 492,4 bilhões, enquanto as receitas avançaram 11,2% e alcançaram R$ 625 milhões nos primeiros três meses do ano.
Na terceira posição em arrecadação com tarifas sobre os fundos, o Itaú teve um crescimento de 10,9% em patrimônio líquido para o montante de R$ 695 bilhões, mas as receitas recolhidas dos clientes ficaram praticamente estáveis em relação a igual período do ano passado, em R$ 508 milhões no primeiro trimestre de 2015.
Ainda entre as grandes instituições financeiras brasileiras de capital aberto, o BTG Pactual exibiu um aumento de 14,2% no patrimônio administrado para R$ 215,4 bilhões, mas as receitas da área de asset management recuaram 22,8% para R$ 270 milhões.
Nesse último exemplo, o BTG Pactual já havia explicado em teleconferência com analistas que nesse primeiro trimestre houve uma menor cobrança de tarifas sobre a performance (rentabilidade) dos fundos, predominando as receitas com taxas de administração que consideram o volume presente nas carteiras.
Diferentemente dos grandes bancos de varejo que são mais concentrados em renda fixa de perfil mais conservador, o BTG Pactual (de perfil de banco de investimentos) trabalha com fundos mais arriscados de renda variável, onde se pode cobrar taxas de performance (sobre a rentabilidade) na entrega de resultados aos clientes.
Ao se considerar o período de 12 meses até março (relativo aos balanços publicados dos bancos), as carteiras de DI haviam apresentado uma valorização média de 11,4%, e as de renda fixa, de 12%. Em outras palavras, a evolução do patrimônio líquido dos fundos nos 3 principais bancos de varejo de capital aberto - Banco do Brasil, Bradesco e Itaú - está mais relacionada a preferência do investidor brasileiro por aplicações conservadoras.
Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) relativos ao fechamento de março mostravam que o Banco do Brasil possuía R$ 540 bilhões em ativos de renda fixa (91% de seu total administrado. Na sequência, o Itaú registrava R$ 411,8 bilhões em ativos de renda fixa somados com mais R$ 62,9 bilhões da Intrag nesses papéis, ou seja 68,3% do total administrado.
Já o Bradesco registrava R$ 327,5 bilhões em ativos de renda fixa, mais o volume de R$ 125,3 bilhões na gestora Bem, que somados representam R$ 452,8 bilhões, ou 92% do total de recursos administrados.
Esse perfil conservador explica o avanço do patrimônio líquido em 12 meses até março, e retorno melhor em receitas do Banco do Brasil e do Bradesco. Essas duas instituições preferiram aplicar mais de 90% dos recursos de seus clientes em papéis de renda fixa como: títulos públicos federais, operações compromissadas lastreadas em títulos públicos, certificados de depósitobancário (CDBs), letras financeiras, e em menor grau em títulos privados de renda fixa como debêntures.
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