A rotina de trabalho de um terceirizado é muito ruim. A declaração é de Natanael Muniz, que prestou serviço para a Fidelity, empresa terceirizada do Bradesco e do antigo Real, entre 2002 e 2010. "A gente trabalhava durante o dia em um banco e à noite em outro". A jornada deveria ser de 8 horas, mas, na prática, chegava a 14 horas diárias.
A hora extra recebida no fim do mês ficava muito além da carga horária trabalhada e os terceirizados não tinham a quem reclamar. "O banco não estava nem aí e a Fidelity só sabia cobrar os resultados".
E quem pensa que a remuneração compensava, está enganado. Apesar de exercerem atividades nas agências, os terceirizados ganhavam um salário mínimo. "O vale refeição era uma piada. No início nem recebíamos. Depois a empresa começou a pagar R$ 6,00. Não dava nem para o lanche", conta.
Férias, só tinha quando a empresa queria. Tem muito mais. Os terceirizados dividiam as tarefas com os bancários. Abriam conta, faziam transferência, depósito, pagamentos. Todos os serviços do funcionário formal. Mas, não tinham os direitos da categoria.
A história de Natanael Muniz, que ainda virou chefe do setor de custódia "de boca", ou seja, sem contrato, e continuou recebendo um salário mínimo, não é diferente da dos 13 milhões de terceirizados do Brasil. O pior é que a situação pode agravar com a aprovação do projeto de lei 4330.
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