Antônio Nilson Craveiro Holanda(1935-2015) seguiu sua viagem para a eternidade. Deixou sua bagagem conosco, fruto de experiências e vivências na área de economia desde os tempos de Jango Goulart, passando pela ditadura e vindo até o período da chamada redemocratização. Vivenciou crises de todos os tamanhos e matizes. Formou-se em Direito pela UFC, foi para as universidades de Stanford e Harvard, nos Estados Unidos; frequentou as salas da ONU, angariou conhecimento na França, Itália, Bélgica, Holanda e Áustria, sustentado pela Fundação Ford e BNB.
Não deixou de ir à Coreia do Sul, ao Japão, ver de perto os tigres asiáticos, e nem deixou de observar os povos ibéricos, notadamente a Espanha. Este homem, de origem humilde, filho de uma das tradicionais familias de Limoeiro do Norte, não mediu esforços para galgar todos os graus de instrução que o ensino permite. Aprovado em um dos primeiros concursos para o BNB, preparouse para ser presidente do Banco e outras funções, tais como: Superintendente do Ipea e conselheiro do Bndes, Finep, Sudene, Sudam, Sudeco e Sudesul. Na Cepal, influenciou pensamentos de brasileiros, colombianos e peruanos.
No inicio dos anos 1970 participou de delegações brasileiras em Washington e Moscou. Precisa falar mais? Falemos sobre seu precioso legado: 1 - Não admitia a ignorância sobre vasos comunicantes do país; Nordeste, região tida como pobre, não está isolada de regiões ditas ricas. 2 -Rechaçava a ideia de que o Nordeste não podia receber investimentos porque seriam excessivamente elevados diante das suas baixas vantagens competitivas. 3 - Rebatia firmemente a ideia de que a economia nordestina não seria capaz de dar retorno econômico e social aos investimentos governamentais; 4 - Defendia ser possível no Nordeste uma distribuição de beneficios justa no âmbito de adoção de uma politica de desenvolvimento social. Muitos dos livros de Nilson Holanda estão aí nas prateleiras de universidades e órgãos públicos.
Muitas de suas ideias ainda não foram implementadas. Que os jovens se debrucem sobre seus ensinamentos antes de seguir às cegas os mágicos oportunistas. E que o governo promova discussão sobre elas na adoção e execução das políticas públicas.
|