Trabalhadores camponeses se manifestaram por todo país nesta quarta-feira (11). Os protestos são a continuação de uma série de atividades que ocorreram durante a Jornada de Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas, marcada por ocasião do Dia Internacional das Mulheres e que pediu o fim da violência de gênero, além de ter denunciado o modelo da agricultura brasileira.
Em sequência à luta protagonizada pelas mulheres, os movimentos sociais do campo se juntaram para o que batizaram de Jornada Unitária do Campo, com atos previstos do dia 10 ao 13 de março. O objetivo das manifestações é denunciar o agronegócio e exigir avanços na reforma agrária.
Os trabalhadores rurais realizaram marchas, fechamento de rodovias e ocupações de prédios públicos. Para Débora Nunes, da coordenação nacional do MST, a Jornada Unitária de Lutas do Campo é o momento de mostrar à sociedade que a Reforma Agrária Popular pode contribuir efetivamente para resolver problemas estruturais de toda a sociedade.
“Vivemos um momento delicado, com a estagnação da reforma agrária. Ações como essas mostram que o campo segue vivo na luta por ela e pela garantia de direitos. Este ano também teremos o apoio de movimentos urbanos, além de sindicatos e parceiros que se mobilizarão pelos direitos dos trabalhadores e pela reforma política”, diz.
Os protestos ocorreram em 22 estados do Brasil e envolveram mais de 30 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais. Nesta quarta (11), uma marcha com 4 mil camponeses ocorreu em Porto Alegre (RS). O trajeto foi entre o Monumento do Laçador até o centro de Porto Alegre. Estavam previstas negociações com o governador do estado, José Ivo Sartori (PMDB) e várias secretarias estaduais.
Outra marcha foi organizada em Maceió (AL), também com 4 mil participantes. Militantes do MST, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) e do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), acampam, desde terça-feira (10) no prédio da Eletrobrás. Eles também percorreram a avenida Fernandes Lima, principal via da capital do estado.
No Paraná, cerca de 38 organizações e movimentos sociais realizaram o fechamento de rodovias estaduais e federais. Os trabalhadores exigem maior agilidade na realização da reforma agrária, reivindicando o assentamento das 6 mil famílias acampadas no estado.
Na manhã desta quarta (11), cerca de 500 famílias camponesas participaram da ação que interditou algumas das principais estradas no Rio de Janeiro. Na rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias, depois de fechada, militantes do MST entregaram produtos agrícolas para os motoristas que estavam na estrada. O movimento exige a desapropriação de algumas áreas no estado do Rio. Muitas delas já foram declaradas improdutivas, e algumas famílias aguardam acampadas há 10 anos, caso do acampamento Madre Cristina, em Campos.
No Distrito Federal, aproximadamente 100 famílias ocuparam a Fazenda Adeluca. A área improdutiva é de propriedade da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), e sua desapropriação é reivindicada para fins de reforma agrária.
Em Santa Catarina, Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Minas Gerais também houve o fechamento de estradas. No Rio Grande do Norte, uma agência da Caixa Econômica Federal foi ocupada e, em reunião com o superintendente do banco, discutiu-se o financiamento rural e maior crédito à agroindústria.
Dia 13
O encerramento da Jornada Unitário do Campo, pensado para a sexta-feira (13), irá convergir com atos programados para todo o país contra a retirada de direitos trabalhistas e em defesa da Petrobrás e da reforma política.
A pauta de mobilizações pede mudanças na política econômica do governo federal, o rechaço das medidas provisórias 664 e 665 – que alteram as regras do seguro-desemprego, abono salarial, seguro-defeso, pensão por morte, auxílio-doença e auxílio-reclusão – e a defesa de uma Constituinte Exclusiva para reformar o sistema político brasileiro, em contraposição à proposta de emenda constitucional 352, do presidente da Câmara Eduardo Cunha, que torna constitucional as doações eleitorais feitas por empresas privadas.
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