Nesta quinta-feira (8), a líder do partido de extrema-direita francês Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, declarou ser a favor de um referendo sobre a implantação da pena de morte no país. A declaração foi feita em entrevista à emissora France 2, após o atentado contra o jornal Charlie Hebdo que deixou doze mortos, nesta quarta-feira (7), em Paris.
“Pessoalmente, penso que essa possibilidade deva existir", declarou. Segundo ela, a população francesa “está em guerra” contra o fundamentalismo islâmico. “A França deve estar em guerra contra o fundamentalismo islâmico, porque os extremistas estão, sim, em guerra contra a França”, acrescentou.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o professor de Relações Internacionais da PUC-SP, Reginaldo Nasser, acredita que este tipo de discurso vai ganhar cada vez mais adeptos por todo o continente europeu.
“Há de fato uma situação conturbada na França e que vai piorar a partir de agora. Os preconceitos com os imigrantes podem aumentar e reforçar um sentimento nacionalista. Le Pen é a representante de um pensamento xenófobo no país”, disse.
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Suspeitos
Até agora, três são suspeitos de participarem do ataque: Hamyd Mourad e os irmãos Said e Cherif Kouachi. Mourad, de 18 anos, entregou-se à polícia na noite de ontem (7). Ele é suspeito de ter dirigido o carro de fuga. Segundo as agências de notícias, ele resolveu se entregar após ver seu nome circulando nas redes sociais como suspeito.
Já os irmãos Said e Cherif Kouachi são franceses de origem argelina e residentes de Paris. A polícia os considera "armados e perigosos", segundo um boletim divulgado.
Mais violência
Após o trágico episódio no jornal francês, vários ataques contra locais de culto muçulmano foram registrados em diferentes cidades da França. Em Le Mans, no centro, segundo testemunhas, ao menos um tiro foi disparado e três granadas de exercício foram lançadas à noite contra uma mesquita no leste da cidade.
Em Port-la-Nouvelle, no sul, foram feitos dois disparos contra uma sala de orações muçulmana, também à noite, segundo relatos do Ministério Público da cidade de Narbona à AFP. Na manhã desta quinta-feira (8), uma explosão foi registrada em Villefranche-sur-Saône, no leste, próximo a uma mesquita.
Mobilizações
Além do clima instável, a comoção também toma conta da França. Ontem, cerca de 15 mil pessoas se reuniram na Praça da República (Place de La République), em Paris, para homenagear as vítimas desta quarta-feira.
Dos 12 mortos, dois eram policiais. Entre os profissionais da redação estavam nomes como o do diretor editorial Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb; o do economista, escritor e editor-adjunto Bernard Maris e dos cartunistas Jean Cabu, Georges Wolinski e Bernard Verlhac, conhecido como Tignous.
A manifestação foi organizada por um conjunto de partidos de esquerda encabeçado pelo Partido Comunista Francês (PCF) e pela Frente de Esquerda, e ocorreu pacificamente.
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