“Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia”
Dez dias de greve, insatisfação generalizada por parte dos trabalhadores, agências fechadas em sua quase totalidade e apenas uma proposta apresentada pelo Banco após o movimento paredista, proposta essa paliativa - como têm sido as respostas do Banco às demandas que se arrastam na instituição. De tão simplória, mesmo contrariando a orientação dos Comandos Nacional e do BNB, a proposta foi rejeitada por todas as assembleias, simplesmente porque a base não é uma massa inerte de seres manipuláveis, ao contrário, são seres pensantes e que sentem diariamente na pele os reflexos da ausência do tratamento humano por parte da superior administração do Banco, pelo menos para a maioria.
Tudo dentro do previsto: patrão fazendo a sua parte (coagindo, chantageando e ameaçando) e trabalhadores idem (resistindo, pressionando, lutando por melhorias para sua vida), numa correlação de forças típica da luta de classes, até que em determinado momento embaralha o “meio de campo”. O que dizer quando uma dessas forças assume o lado do patrão? Porque foi exatamente isso que aconteceu com a direção do Sindicato dos Bancários do Ceará. Não é teoria da conspiração, não é resistência cega, são os fatos que dizem: passar abaixo-assinado de sala em sala nas unidades principalmente da Direção Geral, com a “ajudinha” de gestores, para convocar nova assembleia é demais para a inteligência de qualquer ser humano! O resultado da assembleia: 205 votos pelo fim da greve e 133 pela continuidade.
Logicamente a AFBNB sabe que todo processo de negociação, para avançar, exige flexibilidade de ambas as partes. Sabe também que nem em negociação por menor que seja se aceita a primeira proposta apresentada! Por que então, no caso do BNB, só quem perde – ou deixa de ganhar – é o trabalhador? Como admitir ou aceitar que no início do processo, contrariando as expectativas gerais, encerre-se uma greve forte e coesa?
Haverá quem diga que foi dentro da legalidade. Está certo. Mas nem tudo que é legal é legítimo! Com que legitimidade o patrão “mobiliza” um movimento interno para desmobilizar a greve, inclusive usando de pressão sobre alguns, como chegaram registros à AFBNB? Teria conseguido tal feito com tamanha celeridade, considerando todo o processo, inclusive a realização da assembleia em “carreira solo”?
E mais: qual a legitimidade de uma direção sindical travestida de representante do trabalhador que age como linha auxiliar dos patrões e faz colaboração de classe, que aliás, mostrou-se bastante incomodada com a decisão da assembleia do dia seis, a qual rejeitou a proposta e deliberou que só seria convocada outra assembleia mediante nova proposta do Banco?
Convém lembrar que a decisão democrática foi descumprida e que, mesmo a assembleia convocada em tempo recorde em “obediência” ao abaixo assinado, se deu à revelia do estatuto da entidade, o qual estabelece o prazo de dois dias após a convocação para ser realizada. A convocação se deu na tarde do dia anterior. Aliás, tudo se deu nesse mesmo dia, desde a ideia do abaixo assinado à convocação da assembleia. Célere, não! A propósito da celeridade praticada, sugere-se o mesmo empenho em relação ao abaixo assinado pela dignidade previdenciária, uma iniciativa de pessoas da base, que está sendo apoiada pela AFBNB, no sentido de resgatar o direito de se aposentar adequadamente conforme os estatutos da Capef e o que fora pactuado entre as partes.
À AFBNB resta manifestar repúdio às manobras das direções do Sindicato/Banco e solidariedade àqueles que resistiram, continuam resistindo e têm ciência de que essa luta continua, no dia a dia, ao não se submeter aos desmandos, ao não baixar a cabeça, com voz altiva e com consciência de classe, afinal, dignidade e coerência não têm preço e é bem diferente de permanecer “falando de lado e olhando pro chão”, em total subserviência.
Apesar do ocorrido no Ceará, a greve segue firme nas demais bases e conta com nosso apoio. A Associação está e continuará cobrando do Banco respostas para os inúmeros problemas que afligem o trabalhador (leia mais). Continuará expondo as contradições e continuará firme em seu propósito de vida digna a todo trabalhador do BNB, independente do tempo de Banco, do local onde trabalhe e do posicionamento político.
A luta sempre vale a pena! Só a luta muda a vida!
A AFBNB ao lado dos trabalhadores
Gestão Autonomia e Luta
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