Quando se diz que “gentileza gera gentileza”, dá vontade de pedir aos céus que sejam gentis com o mundo e lhe presenteiem com outros Leonardos Boffs. Na última quinta-feira, ele esteve em Fortaleza para dialogar sobre a conjuntura do Brasil com entidades de classe e representativas de trabalhadores, além de interessados de toda sorte. Eram muitos. E o professor, escritor, teólogo e militante dos direitos humanos tinha muito a falar. Em seu discurso (aparentemente) pessimista, vários alertas de que a Terra esperneia clamando por socorro. Ela está doente e precisa de nós. Assim entendi Leonardo Boff.
Segundo ele, o mundo vive hoje três crises “terríveis” que “podem nos levar totalmente ao abismo”. Uma delas é econômica e financeira estourada em 2008 nos Estados Unidos e na Europa. Mas o que mais despertou a atenção são as outras duas crises apontadas por Boff, relacionadas diretamente a um planeta que chora e sem que se dê a real dimensão às suas lágrimas: uma é o que ele define como “máquina da morte”, que inclui armas químicas, biológicas e nucleares. A outra é o aquecimento global. A Terra perdeu o equilíbrio. Está esperneando. Está doente.
Em todo o mundo, as comunidades científicas pesquisam, alertam, apontam. E raramente são ouvidas por quem não consegue enxergar a finitude do baú de recursos do planeta. Nas palavras do pensador, temos que mudar – e não podemos esperar muito, senão chegaremos tarde. “Quanto de verdade aguenta o estômago humano? Temos que engolir a verdade, pensar, discutir, mudar o nosso comportamento”. A ideia é que não nos envergonhemos de nossos filhos e netos quando eles, num futuro próximo, nos questionarem sobre como pudemos ter deixado uma herança tão funesta. Será que não nos preocupamos porque “o que é mais importante na vida”, como apontou Leonardo Boff, não entra no PIB de cada país (Produto Interno Bruto)? Ele disse a mim e a outras centenas que viramos consumistas, insensíveis às coisas espirituais e profundamente humanas. Concordo e meu estômago humano aguenta essa verdade. E quer ajudar a transformá-la.
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