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Artigo: 150 anos da Associação internacional dos trabalhadores (AIT)

Socializamos abaixo artigo escrito pelo funcionário do BNB Thyago Miranda, lotado em Alagoas, sobre os 150 anos da Associação internacional dos trabalhadores (AIT). O conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião da entidade.

Este ano completa-se 150 anos da fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), que posteriormente ficou conhecida como a I Internacional Comunista.

Referida associação influenciou de maneira definitiva a formação de partidos, sindicatos, ONGs e entidades voltadas às questões dos trabalhadores. No I Congresso da AIT, realizado em Genebra em 1866, duas correntes se conflitaram: a marxista, liderada pelo alemão Karl Marx e a Anarquista, que tinha como figura mais destacada o russo Mikhail Bakunin. Apesar das duas correntes apontarem para o mesmo fim, ou seja, o fim do estado, divergiam na forma de condução do processo, enquanto os marxistas insistiam na necessidade de uma etapa intermediária chamada de "ditadura do proletariado", os anarquistas defendiam a transição direta do capitalismo para o Anarquismo/Comunismo.

Marx respondia às críticas auferidas pelos anarquistas chamando-os de socialistas utópicos, já os anarquistas argumentavam que a teoria marxista era incoerente, pois, se pretendiam libertar os trabalhadores, primeiro iriam escravizá-los? Em suas palavras, Bakunin parecia prever o que viria a acontecer no século XX: “Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana”.

“Eles [os marxistas] defendem que nada além de uma ditadura - a ditadura deles, é claro - pode criar o desejo das pessoas, enquanto nossa resposta para isso é: Nenhuma ditadura pode ter qualquer outro objetivo para além de sua auto-perpetuação, ela pode apenas levar à escravidão o povo que tolerá-la; a liberdade só pode ser criada através da liberdade, isto é, por uma rebelião universal de parte das pessoas e organização livre das multidões de trabalhadores de baixo para cima.”

De fato, os governos socialistas que emergiram das revoluções Marxistas do século XX, provaram que as teses defendidas por Bakunin estavam corretas, o culto a personalidade, a burocratização do estado, a criação de uma nova elite e a perpetuação da etapa intermediária ao alcance do comunismo, evidenciou o principal problema de qualquer sistema político que se implante; o homem.

Talvez, pensadores brilhantes como Marx não vislumbraram que a atual essência humana não permitiria jamais a implantação de um sistema igualitário, pois, o homem sempre terá o que invejar; seja um sorriso, um dom ou simplesmente um amor. De qualquer forma é um dever de cada trabalhador reverenciar a memória daqueles que contribuíram para as grandes conquistas da nossa classe, aos homens e mulheres que iniciaram e travaram a incessante e perpetua luta de todos os proletários. Estas pessoas nos mostraram, muitas vezes com o sacrifício de suas vidas, que nenhuma conquista vem para o trabalhador sem luta.

Thyago Miranda