O número zero vem ganhando peso na economia brasileira. Embora em qualquer parte do mundo o número mostre apenas que não aconteceu nada ou praticamente nada, no Brasil cada indicador ampliado ou rebaixado “zero alguma coisa” é levado em consideração e passou a ser debatido em profundidade.
O boletim Focus desta semana, que representa as vozes do mercado ouvidas pelo Banco Central, rebaixou mais uma vez a projeção de crescimento do País. Pela última avaliação feita, o Brasil crescerá apenas 0,52% em 2014. No levantamento anterior, a taxa de expansão aguardada era de 0,70%. O que isso tem de relevante, além de mostrar que o mercado não acredita na expansão da economia? Nada. O número confirma apenas o que já se sabia.
Mas alguns zeros podem dizer algo novo ou pelo menos alimentar esperanças. Ontem, o IBGE divulgou os indicadores da produção industrial, que revelaram alta de 0,70%, depois de cinco meses seguidos de resultados negativos.
O número sozinho novamente não representa muita coisa, mas mostra que houve algum fator positivo em julho que ajudou a economia. Portanto, ocorreram fatos positivos em meio a uma avalanche de indicadores negativos. Apesar disso, em relação ao ano de 2013, o indicador não representa nenhuma evolução: a indústria caiu 3,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
A indústria nacional passa por uma fase de transformação ou deterioração. Muitas áreas do segmento hoje são calculadas como serviço. Há também áreas nascentes, cuja dimensão ainda não é medida, como é o caso da indústria criativa.
Ou seja: o número zero pode ser um indicador vazio (ou quase) ou representar uma tendência, dependendo da forma como ele é olhado.
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