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Saiu na Imprensa

  19/08/2014 

Entrevista com Nelson - Projetamos aplicar três vez mais no segundo semestre

O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) anunciou na última semana que chegou a um lucro líquido de R$ 326 milhões no primeiro semestre do ano, considerando toda a área de atuação do banco. Contudo, os valores financiados pelo banco tiveram redução tanto em âmbito regional como estadual. No Rio Grande do Norte, a concessão de crédito foi de R$ 536 milhões, o que representa redução de 3,94% em relação ao mesmo período de 2013, quando foram concedidos R$ 558 milhões em crédito. Já nos valores a nível regional, a redução foi de 23,07%.

O lucro líquido do BNB e a queda nos valores financiados pelo banco em 2014 foram comentados pelo presidente do Banco do Nordeste, Nelson Antônio de Souza, em entrevista exclusiva à TRIBUNA DO NORTE. O presidente do BNB também comentou sobre os motivos que levaram o comércio a ter se sobressaído no primeiro semestre do ano em tomada de crédito e faz projeções sobre uma possível retomada da indústria até o fim do ano. Nelson de Souza analisa ainda a relação entre o crescimento do microcrédito rural no período e a necessidade dos agricultores de recuperarem as perdas acumuladas em dois anos de seca. A entrevista traz ainda as projeções do banco para o fechamento do ano, além de perspectivas para a abertura de novas agências.

O BNB acabou de divulgar o balanço do primeiro semestre de 2014. O senhor considera que o resultado foi positivo?


Foi muito positivo. Na comparação entre os mesmos períodos de 2013 e 2014, houve um aumento de 63% do lucro líquido do banco. Isso demonstra que o trabalho foi muito eficaz. Agora, ainda que tenhamos esse resultado, nós não perdemos de vista que somos um banco de desenvolvimento. Nós crescemos nas micro finanças, com 24% de crescimento no crediamigo [crédito urbano] e no agroamigo [crédito rural]. Isso demonstra que o banco está preocupado com seu balanço social, fazendo chegar o micro crédito produtivo e orientado lá a quem precisa, para os pequenininhos, os informais que plantam a sua roça, aquele que compra o seu carrinho de pipocam, sua caixinha de picolé. E isso foi feito ao mesmo tempo dos grandes investimentos. Mas eu diria que o mais importante desse resultado foi a nossa cobrança intensa, contundente, com veemência, aos financiamentos inadimplentes.

Embora o lucro líquido tenha crescido, o BNB financiou menos no primeiro semestre de 2014, no comprativo com o mesmo período de 2013. De janeiro a junho do ano passado, o banco concedeu R$ 11,7 milhões em crédito, valor que nos primeiros seis meses de 2014 ficou na casa dos R$ 9 milhões. Por que os valores diminuíram neste ano?


Na realidade, o próprio Banco do Nordeste tem um aspecto sazonal na concessão de crédito. Em 2014, fizemos modificações, calibramos as metas levando em consideração o aspecto sazonal. Antes, nós dividíamos as metas de forma linear, o que dava cerca de 8,33% por mês. Agora, o que estamos fazendo é que, se eu sei que a plantação da cana e do algodão é prevista para o segundo semestre, nós calibramos as metas considerando essa sazonalidade.
Mas não podemos deixar de reconhecer que no primeiro semestre, por conta de Copa e outras coisas mais, as empresas que estavam com seus projetos não procuram os bancos. Ou seja, houve um arrefecimento do crédito no primeiro semestre, não só no Banco do Nordeste, mas em todos os bancos. Em função dos vários acontecimentos  previstos, as empresas resolveram esperar para dar entrada nos projetos no segundo semestre.

Passada a Copa do Mundo, já foi possível sentir um aumento na procura das empresas?
Sim. Já temos notícia de que, de maneira geral, julho foi o melhor mês do ano para crédito. As empresas voltaram a procurar crédito junto aos bancos. E 96% da meta de projetos previstos para 2014 já estão com proposta dentro do banco. Vale salientar que estamos em agosto. Imagina quantos projetos ainda deverão dar entrada? Se nós tivéssemos com metade disso, nossa meta já estaria cumprida. Então, o número do que está represado está muito alto nesse ano, o que não é comum quando observamos outros anos.

No momento atual do país, com previsão de crescimento menor para o PIB em 2014 e com o aumento da taxa básica de juros no início do ano, a procura por crédito acaba ficando desfavorecida?
 

No caso do BNB, não. Fazer uma análise econômica é complicado. Eu prefiro não fazer, de modo genérico, até porque não  é bem a minha área. Mas no caso do Banco do Nordeste, pelo próprio FDNE  [Fundo de Desenvolvimento do Nordeste], que foi criado para atenuar as desigualdades regionais, nós temos taxas muito competitivas. Não vai ser o problema da taxa de juros que vai desestimular que os investidores procurem o banco ou que deixem de pegar esses recursos. Logicamente que toda a situação econômica do país está sendo avaliada pelos investidores, tanto no setor financeiro como no produtivo. Mas sendo bem objetivo, na questão do crédito, as taxas de juro praticadas pelo BNB são bem baixas em relação ao mercado.

Quais os setores contribuíram para o o crescimento do lucro líquido do banco nesse primeiro semestre de 2014?
 

O principal setor foi o comércio. Para se ter uma ideia, desses R$ 9,12 bilhões em financiamentos, R$ 4,726 bilhões foram do comércio. O segundo foi a indústria, com R$ 1,8 bilhão. E o rural foi de R$ 1,7 bi. Esses foram os principais setores.

Na sua avaliação, o que levou o comércio a se sobressair nesse período frente à indústria e ao meio rural, que é um carro-chefe do banco?
No caso do crédito rural, se observarmos as principais safras do Nordeste, como algodão e cana de açúcar, elas ficam mais no segundo semestre. Mas com relação ao comércio, isso também era esperado porque as empresas fizeram grandes investimentos em capital de giro. E aí enta a Copa. Nós nunca tivemos tantos visitantes no país como nós tivemos agora no primeiro semestre de 2014. Foram mais de 700 mil visitantes. E tem mais outro detalhe: antes, não era possível aplicar o FDNE ao comércio e agora pode. Isso foi outro fator importante.

E a indústria? Comparando o primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2013, ela teve redução em participação nos financiamentos?


Houve uma redução de 19,2%, mas isso se recupera com certeza no segundo semestre. No final do ano, o que vai acontecer é que a indústria vai retomar o primeiro lugar, o rural vai ficar em segundo e o comércio vai fechar o ano em terceiro.

O que contribui para que o senhor acredite que a indústria vai ter essa retomada no segundo semestre de 2014, fechando o ano como o principal setor a tomar crédito junto ao banco?
Pelos projetos que nós temos tramitando dentro do banco. Com certeza, o setor que vai ter a maior contratação de crédito será a indústria. É o que vem acontecendo todos os anos e nesse não vai ser diferente. Temos previsões de tomada de crédito para fábricas de cimento, de alimentos, de refrigerantes, de cerveja, de carros, ou seja, vai ter muita coisa ainda.

No comparativo do primeiro semestre de 2014 com o mesmo período do ano passado, o balanço do banco mostra que na soma dos valores de microcrédito urbano e rural, houve aumento na concessão de crédito. O que puxou isso? A necessidade de recuperação após a seca dos últimos anos pode ter influenciado esses resultados?


Esse foi exatamente um dos fatores,  foi o principal. Com a Lei 12.844 [que amplia o Auxílio Emergencial Financeiro frente aos desastres ocorridos em 2012] e com as resoluções do Conselho Monetário Nacional [CMN], as dívidas daquelas pessoas que estavam devendo puderam ter um desconto de até 85%. Elas fizeram um novo crédito. Teve gente que até já tinha financiado a safra do próprio bolso, mas como perdeu tudo também teve que tomar crédito para se recuperar. Então nesse momento, foi fundamental ter esse micro crédito. Mas nós também estamos fazendo um incremento do micro crédito rural a cada ano. O banco já é o maior da América Latina em micro crédito, mas nós queremos aumentar cada vez mais essa participação. No ano passado, nós aplicamos R$ 7 bilhões entre agroamigo e crediamigo e nesse ano nós queremos chegar a R$ 10 bilhões.

Qual é a projeção para o fim do ano? Deve haver crescimento no lucro e nos financiamentos concedidos?


Nós trabalhamos com R$ 777 milhões para o lucro, mas é projeção só. Para as aplicações projetamos R$ 27 bi, três vez mais do que aplicamos no primeiro semestre. Masesse é p o nosso planejamento orçamentário. Queremos chegar a 30 [bilhões de reais], mas a meta em si é 27 [bilhões de reais].

O que favorece uma expectativa positiva nesse fim de ano?
 

No caso do balanço financeiro, estamos cobrando muito forte. Continuamos na linha de muito rigor [em relação aos clientes que estão devendo]. Então a gente tende a aumentar o nosso lucro. Com relação às metas de contratação, o que nos deixa tranquilos é já termos propostas tramitando que representam 96% do valor dessas metas. E outra coisa é a procura por crédito, que aumentou.

A procura por crédito aumentou em quanto?


Não tenho essa mensuração. O que estou passando é muito mais o que a gente acompanha nas análises financeiras e de mercado. E também já sentimos a procura dentro do banco.

Para 2015, quais são os investimentos previstos pelo banco? O senhor falou durante a apresentação do balanço do primeiro semestre que foram inauguradas 40 novas agencias em 2014. Esse número vai chegar a quanto em 2014? O que está previsto para 2015?


Em julho de 2012, tínhamos 186 agencias e estávamos há mais de 10  anos sem abrir nenhuma. Vamos finalizar dezembro de 2014 com 308 agências. Estamos falando em mais 122 agências. E já estamos em aprovação para 2015 de mais 25 agencias. Devemos chegar em 2015 a no mínimo 333 agências, além do compartilhamento das casas lotéricas, que estamos fazendo em convênio com a Caixa. Estamos adequando o sistema de tecnologia da informação da Caixa com o do Banco do Nordeste para que o nosso cliente possa acessar o banco nas 13.100 casas lotéricas do país.

Ficha
Nelson Antônio de Souza tem 54 anos e é presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

Formação
Ele é formado em psicologia pela Faculdade Santo Agostinho, de Teresina (PI) e em letras, pela Universidade Federal do Piauí. Tem ainda MBA em administração e marketing  pelo Instituto de Estudos Econômicos do Rio de Janeiro e pós graduação pela Universidade de Brasília (UNB) em consultoria empresarial. No currículo consta ainda especialização em Gestalt-Terapia.

Carreira
Souza é funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal. Na instituição, exerceu, entre outras funções, as de superintendente nacional do FGTS, diretor de negócios da região Nordeste, diretor de gestão de pessoas e chefe de gabinete da presidência. Ele está no Banco do Nordeste desde julho de 2012. Antes de assumir a presidência, cargo que ocupa desde abril deste ano, foi diretor de estratégia, administração e TI do banco.

Fonte: Portal Tribuna do Norte
Link: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/projetamos-aplicar-tres-vez-mais-no-segundo-semestre/290631
Última atualização: 19/08/2014 às 08:24:16
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