“Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis (?),
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...”
(Ouro de Tolo – Raul Seixas)
Antes de tudo, é imprescindível congratular os trabalhadores do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) pela disposição de luta, coesão, coragem e ação positiva que proporcionaram a mais forte greve dos últimos anos. Foram 27 dias de resistência, período no qual discutiram sobre questões que dizem respeito aos seus direitos e ao próprio Banco.
Bem anterior ao início do movimento paredista, a AFBNB foi positiva ao fundamentar que a greve não era somente pelos “vinte centavos” (pelo índice de reposição salarial), mas pelo conjunto de pendências históricas, muitas delas com mais de uma década sem qualquer resposta. A Associação esteve presente até o último momento, reafirmando todas as suas posições, sem ficar em cima do muro, sem transigir ao discurso patronal e sem vender qualquer ilusão com nenhuma proposta estilo “ouro de tolo”. Isto em atenção aos direcionamentos dos associados e decisões do Conselho de Representantes, bem como por dever de ofício, conforme consta nas atribuições estabelecidas no estatuto da entidade, às quais a Diretoria tem procurado se pautar com bastante zelo.
A seguir reeditamos as matérias que a AFBNB produziu durante a greve, que para nós, contribuem para que os leitores façam as suas comprovações quanto ao comportamento da entidade.
GREVE: Trabalhadores do BNB agem positivo e aderem fortemente já no primeiro dia
Greve forte é o pensamento positivo no BNB
Greve positiva exige ação positiva: proposta decente já!
Desenvolvimento regional e greve
Trabalhadores bancários em greve cobram negociação já
Trabalhadores em greve convidam colegas a aderir ao movimento
Greve: Bancários responsabilizam banqueiros/governo e cobram negociação urgente
AFBNB cobra ação positiva da direção do BNB
E o prêmio vai para...
Não desperdicemos essa oportunidade!
Associação protesta em frente à agência do BNB no Centro de Fortaleza
Banqueiros e governo insultam. Bancários se mantêm unidos e fortalecem a greve
Greve forte: AFBNB envia mais um ofício a presidente e diretores do BNB cobrando atendimento às reivindicações
AFBNB orienta que seus associados compareçam às assembleias e rejeitem a proposta da Fenaban
Nas assembleias de hoje, rejeitemos a proposta!
A resposta não poderia ser outra: a greve continua!
Negociação geral marcada. Falta a específica. Exigimos proposta decente
Negociações geral e específica marcadas. Exigimos proposta decente!
Artigo: A greve não é só pelos “vinte centavos”
Nova proposta do governo e Fenaban continua sendo um insulto; sigamos em greve!
Proposta específica do BNB: contrapontos
AFBNB orienta que os bancários compareçam às assembleias nesta sexta e rejeitem a proposta da Fenaban
Para uma proposta negativa, resposta positiva: Queremos negociação já, e com avanços!
AFBNB alerta – sem proposta nova, assembleias devem ser somente avaliativas
Greve no BNB continua
Cadê a proposta, BNB? Apesar do autoritarismo, a greve continua
AFBNB envia ofício ao Ministério Público do Trabalho denunciando assédio moral e opressão no BNB
Várias leituras se podem fazer a respeito da greve. Uma delas é que o trabalhador do BNB está cansado do descaso com que é tratado pela diretoria do Banco e pelo governo federal, não sendo admissível que estes insistam em se omitir por trás da mesa da Fenaban para negociar. Outra, é a certeza de que a sua magnitude foi capaz de obrigar a administração do Banco a “sair do armário”, e revelar a sua face autoritária, assediadora, sem precedentes na história de greves na instituição, contra trabalhadores que exerceram o direito constitucional de greve; e ainda, o mais importante: a convicção de que mais do que nunca “nada será como antes”.
Infelizmente, apesar da força da mobilização – essa sim, positiva - o sentimento que fica é o de que não se tem o que comemorar. Além do índice de reposição salarial ser rebaixado o Banco não apresentou nenhuma proposta nova ou concreta sobre as questões específicas, mostrando até mesmo para mau entendedor o quão insensível é para com aqueles que se dedicam diariamente a manter viva a instituição BNB. O “positivo” para o Banco (se é que houve) ficou só no pensamento!
Restabelecendo a verdade, por respeito à AFBNB e aos seus associados
É óbvio, em movimentos paredistas, haver embates entre os que defendem os direitos do trabalhador e os interesses do patrão. Quando, no entanto, os embates envolvem entidades representativas dos trabalhadores, em questões importantes, de conteúdo (não de forma, o que é plenamente aceitável na democracia) é preciso que se tenha muita atenção e que se consiga ler o que está por trás dos acontecimentos.
Por isso, a AFBNB, no intuito de restabelecer a verdade, esclarece o desfecho na tarde de terça-feira (15), na assembleia realizada no Sindicato dos Bancários do Ceará (SEEB/CE). De antemão, os diretores da AFBNB defenderam que a assembleia deveria ser avaliativa/organizativa, uma vez que a base já havia rejeitado a proposta do BNB na sexta-feira (11) e na segunda-feira (14), conforme nota que a Associação veiculou no dia 14 (link). Não tinha sentido dar o caráter deliberativo a um fórum que foi convocado para ser avaliativo e organizativo sobre a greve.
O próprio SEEB-CE, no boletim Tribuna Bancária, Edição Especial, distribuído na terça-feira (dia 15), afirmou o seguinte: “No Ceará, só haverá assembleia deliberativa um dia após a apresentação da nova proposta. Diariamente serão realizadas plenárias de avaliação e organização do movimento” (confira original aqui). Tal afirmativa - que ficou só no discurso - foi uma manifestação do que fora decidido na assembleia do dia anterior (14) e enfatizado por um diretor do sindicato durante reunião organizativa realizada logo após assembleia, no mesmo dia (14).
Ocorre que horas depois o SEEB/CE voltou atrás e concordou que a “assembleia”, que determinou o fim da greve, fosse deliberativa, ao acatar e submeter à votação proposta de um Superintendente do Banco neste sentido. Se de fato não houvesse a intenção de colaborar com o fim à greve, bastava o presidente do sindicato não ter encaminhado dessa forma; sim, ter reafirmado o caráter já definido e objeto da convocação, além de ter mantido a coerência com o seu próprio discurso da primeira assembleia da greve, quando um bancário propôs encaminhamento diferente do que constava na convocação da mesma, ele afirmou que a assembleia havia sido convocada com um objetivo e que não era possível encaminhar de forma diferente (isso é fato).
A propósito, algumas perguntinhas podem não querer calar: por que gestores do banco estavam na reunião convocada para ser avaliativa e organizativa da greve, ainda mais às 16 horas? Por qual motivo o Banco os liberou, estando em horário de trabalho, se sequer havia proposta nova a ser apreciada? Por um acaso, neste dia, estavam em greve? Sintomático, não?
Mudou-se o caráter da assembleia sem nada de novo, considerando que até aquele momento sequer havia nova proposta (e não houve de jeito nenhum) - e com o agravante da postura antissindical da direção do Banco, inclusive denunciada pela AFBNB junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) (leia notícia aqui )
É de conhecimento de quem acompanha o movimento sindical que o SEEB/CE segue à risca orientações do comando nacional de greve/Contraf/CUT, o qual queria o fim da greve a todo custo. É público que o referido comando, ao anunciar a proposta apresentada pelo Banco/governo no dia 11 de outubro, a primeira após 22 dias de greve (que foi rejeitada), afirmou que a mesma continha avanços, e que por isso recomendou a aceitação e consequentemente o fim da greve. Isso também é fato. Logo, não é difícil concluir que, ao acatar a proposição para mudar o caráter da assembleia, o SEEB/CE contribuiu para o fim da greve sim, e de forma articulada, da mesma forma como já tinha procedido no ano passado (relembre aqui).
Os Diretores da AFBNB que foram ao sindicato, posicionaram-se pelo cumprimento da convocação da assembleia e permaneceram até o final do evento para constatar a realidade dos fatos. A mentira rasteira dos dirigentes do SEEB/CE acusando a AFBNB de se ausentar da assembleia tem uma lógica de ser e um foco: nos próximos dias haverá eleição para a diretoria e o conselho fiscal da entidade. Não é por acaso que o grupo que controla o SEEB/CE há quase 20 anos quer também tomar o comando da Associação, com o objetivo único de tornar-se hegemônico, e dessa forma “deixar tudo dominado”, sem “a mosca na sopa”, e assim correr livre, leve e solto para transformar a Associação em órgão imobilista e em mais um instrumento da colaboração de classe como procede nas entidades que infelizmente está à frente.
Convém lembrar que esse comportamento do Seeb-CE não caracteriza novidade. Ao assim proceder, com ataques e calúnias contra a AFBNB, esse grupo está apenas ratificando o desprezo que já demonstrou ter pela entidade e pelos seus associados, ao excluí-la, após 25 anos, da comissão que negocia com o banco. Isto foi um fato grave que tolheu os associados do direito de terem a sua entidade representada nos processos coletivos dos seus interesses junto ao patrão. Não diferente também é a atitude de integrantes desse grupo, onde alguns sequer são filiados à AFBNB, sendo que há casos de desligamentos após as eleições para a diretoria da entidade, e o retorno aos quadros de associados às vésperas dos pleitos, como ocorreu agora.
Diante de tamanho insulto e desrespeito, a Diretoria da AFBNB conclama os associados a não permitirem isso, mais uma vez, como já fizeram em 2006, 2008 e 2010, pois representaria uma tragédia para a Associação e para a própria organização dos trabalhadores do BNB, como está posto e todos podem constatar. Isto por uma razão muito simples e óbvia: quem desrespeita o trabalhador (como acusaram de irresponsáveis os colegas grevistas que se retiraram da assembleia indignados com a mudança das regras,) quem mente para a categoria, quem despreza uma entidade nem reconhece a sua importância não é digno de estar à frente da mesma, ainda mais em se tratando de uma entidade com o caráter e essência da AFBNB, pela sua história e pelo quadro valoroso de associados que tem.
A AFBNB está absolutamente tranquila quanto ao seu papel de ontem, de hoje e de sempre: a defesa incondicional dos trabalhadores. A AFBNB está presente na luta, ao lado dos trabalhadores, e por isso nunca se omitiu, sobretudo nesses últimos anos, diante da negação de direitos aos funcionários por parte das sucessivas gestões no Banco e das evidências de irregularidades, para além da retórica, na prática, fato que tem rendido várias ameaças a seus dirigentes!
Quanto ao desfecho da greve, a Associação tem também a convicção de que os funcionários do Banco do Nordeste do Brasil são bastante inteligentes e perspicazes para compreenderem as manobras dos que tentam a todo custo ludibriar a base. Assim, a diretoria da AFBNB faculta às pessoas de boa fé, e isentas, sobretudo as que estavam presentes na assembleia, a confirmarem o que estão a caluniar sobre a Associação. No mesmo sentido, também faculta para manifestações em contrário, essa é uma característica da entidade que preza pelo diálogo e aceita o contraditório.
Com essas considerações, a Diretoria da AFBNB espera ter a condição de por fim a essa falsa polêmica, desnecessária, mas que foi obrigada a fazer, e usará do direito de fazê-lo sempre que houver ameças de a mentira prevalecer sobre a verdade. Assim, pede licença para submetê-los a essa leitura, com a renovação do nosso abraço e nossa solidariedade.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
“Tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar, e eu não posso ficar aqui parado...”
Que a verdade seja restabelecida!
Todo respeito à AFBNB e aos seus associados!
Todo respeito ao trabalhador do Banco do Nordeste do Brasil.
A AFBNB ao lado dos trabalhadores! Só a luta muda a realidade!
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