Após a série de viagens pelos estados nordestinos, o Integra Brasil já resultou na apresentação de propostas voltadas a uma reorientação da economia na Região e à adoção de novas estratégias de desenvolvimento. Essas mudanças, entretanto, ainda têm como obstáculo a necessidade de um esforço político que as viabilize e faça com que o planejamento hoje em construção saia, de fato, do papel. Essa participação ativa do poder
público é um dos pontos que serão debatidos, hoje e amanhã, no Seminário do programa, em Fortaleza.
 Solenidade de abertura do Integra aconteceu na noite de ontem, no Centro de Eventos, com expectativa de participação ativa do poder público fotos: Tuno Vieira
"Nós vamos entregar (depois da realização do seminário e elaboração de um documento com propostas) um produto na mão do poder público. Aí, vai caber a eles executar tudo isso. Já o nosso papel é o de cobrar tudo isso", destaca a presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), Nicolle Barbosa. Para ela, o fato de o Integra Brasil não estar ligado a partidos políticos deverá facilitar a aceitação e execução das propostas a serem apresentadas. Ressalta ainda que o programa, mesmo neste momento inicial já mostrou alguns avanços quanto à integração na Região, através "do apoio da sociedade, do setor produtivo e da classe política do Nordeste".
Recursos
Embora a articulação para viabilizar a reestruturação defendida para a Região tenha como protagonistas as administrações públicas e o setor produtivo, outros participantes desse processo têm um papel essencial, a exemplo das instituições financeiras.
Conforme o chefe de departamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Nordeste, Paulo Ferraz Guimarães, o desenvolvimento econômico da Região e consequente aumento da competitividade dos estados é um dos fatores que poderá alavancar os investimentos e financiamentos no local. Atualmente, informa, o Nordeste participa com 13,5% dos financiamentos do banco.
"Isso pode mudar. Não existe orçamento regionalizado no banco. Se houver demanda, se houver projetos, esse percentual pode ser maior, desde que haja uma mobilização dentro da própria Região, com o desenvolvimento de projetos e estratégias junto ao governo federal, para que a isso se somem financiamentos", destaca o chefe de departamento. Guimarães destaca que, apesar do volume de financiamentos ter crescido no Nordeste, nos últimos anos, a Região ainda apresenta alguns entraves que freiam uma evolução mais expressiva desse número.
Gargalos
"Há alguns gargalos, por exemplo, do ponto de vista portuário e rodoviário. Existe também um semiárido bastante populoso, que precisa de melhorias específicas (nas áreas) de saneamento, de água", exemplifica. Acrescenta que as melhorias nessas áreas proporcionariam maior potencial de atração de investimentos, ampliando os financiamentos.
Para o presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado (Cede), Alexandre Pereira, diversas questões ligadas a um tratamento diferente da Região também precisam ser abordadas em todo esse debate. "Nós precisamos tratar os desiguais de forma desigual", frisa.
JOÃO MOURA
REPÓRTER
O QUE ELES PENSAM
Chance de agir diferente
"A presença de lideranças do Nordeste no Integra Brasil já significa uma grande vitória. Sairemos daqui com um conjunto de informações que darão origem a um plano estratégico de ação política, que é o nosso grande objetivo. É preciso mudar forma de olhar o Nordeste. Queremos que ele seja visto como uma grande possibilidade de desenvolvimento"
Cláudio Ferreira Lima
Consultor do Integra Brasil
"No caso do Banco do Nordeste, acredito que somos um "player" importante no processo de desenvolvimento da Região. Os recursos que são injetados na economia proporcionam que tenhamos possibilidade de discutir outras alternativas que não aquelas a que estamos acostumados. Com essa discussão, poderemos aprimorar a economia de todo o Nordeste"
Joel Lanzarin
Presidente do BNB
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28/08/2013
