Cláudio Ferreira (claudiofl@secrel.com.br)
Economista
O workshop realizado no dia 19 na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, para discutir como o Nordeste é visto de fora, segundo as visões empresarial, acadêmica, governamental e internacional, ofereceu subsídios valiosos para o movimento Integra Brasil, iniciativa do setor produtivo da região, sob a liderança do Centro Industrial do Ceará (CIC) e da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
Nessa abordagem pioneira da temática regional, as contribuições dos participantes convergiram, na essência, para a conclusão de que, para mudar o Nordeste, é hora e vez de atualizar as ambições. Luciano Coutinho, presidente do BNDES, assim traduziu esse consenso: “Não há por que o Nordeste não se reposicionar no sistema brasileiro como oportunidade generosa de desenvolvimento com inovação, sustentabilidade, produtividade, competitividade e equidade social”.
E, em favor dessa assertiva, afirmou que o Nordeste pode e deve: ser líder em tecnologias que poupem água e energia; evoluir nas tecnologias da informação (TIs); pensar na implantação da agricultura, da indústria e dos serviços do século XXI, intensivos em conhecimento; e incentivar pequenos empreendimentos que, custando pouco em capital, rendem muito em emprego e a renda.
É lógico que há muitos desafios como: recursos hídricos, que têm limitado o desenvolvimento do semiárido; energia, pois, apesar do potencial de energia eólica, as demandas serão crescentes, exigindo uma matriz energética mais robusta; transportes e logística, seja na articulação para dentro, com a descentralização via cidades pequenas e médias cidades, por meio de investimentos em manufaturas e serviços, seja na articulação para fora, com a conexão com outras correntes de comércio; desconcentração dentro da própria região, aproveitando vantagens competitivas interiores; e planejamento das regiões metropolitanas e das capitais, com destaque para projetos de saneamento, mobilidade urbana, educação e qualificação de mão de obra.
O desenvolvimento do Nordeste é oportunidade que não pode ser perdida. Para isso, exige-se coordenação de políticas, quer entre si quer entre níveis de governo, no contexto de um projeto de longo prazo, que dará continuidade aos avanços da última década, atraindo investimentos e criando novos mercados, dentro e fora da região; um projeto, sobretudo, originado e compartilhado no próprio Nordeste, cuja negociação com o resto do País desembocará em um pacto federativo à altura de uma nação do porte do Brasil.
Somente uma intervenção dessa envergadura poderá mudar o Nordeste, para, como consequência inevitável, mudar o Brasil. Esse, aliás, é exatamente o caminho do Integra Brasil, que, nos dias 27 a 29 próximos, no Centro de Eventos do Ceará, em
Fortaleza, discutirá, em seminário, com renomados especialistas, temas relevantes como: reorientação da economia; recursos hídricos, energia, transporte, logística e telecomunicações; transformação social, urbana e ambiental; educação, ciência, tecnologia & inovação e cultura; questão político-institucional; e estratégia de desenvolvimento do Nordeste.
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