Pobre, jovem e negro. Esse é o perfil da maioria das vítimas de homicídio no Brasil. Uma realidade triste, que nem os avanços obtidos nos últimos anos são capazes de acabar. Entre 2002 e 2010, o país registrou 418.414 vítimas de violência letal – 272.422 eram negras, ou seja, 65,1% do total.
No período, o número de homicídios contra brancos caiu de 20,6 para 15,5 para cada 100.000 habitantes, queda de 24,8%. Entre os negros, aumentou 5,6%, de 34,1 para 36 mortos para cada 100.000 brasileiros. Entre as pessoas de 15 a 29 anos, a situação piora. Em 2002, o total de jovens negros mortos foi 71,7% maior do que o de brancos. Em 2010, subiu para 153,9%.
Para chamar a atenção para os altos índices, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo realizam, nesta quinta-feira (22/08), uma marcha contra o genocídio do povo negro. A iniciativa, parte da campanha Reaja ou será morto, reaja ou será morta, cobra políticas públicas efetivas para a população negra, pobre e da periferia.
Os dados constam no “Mapa da Violência 2012 – A Cor dos Homicídios”, realizado pela Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República), pelo Centro Brasileiro de Estados Latino-Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais.
A luta dos negros é antiga
Reflexo da desigualdade histórica, os números não surpreendem. O Brasil se construiu sob a égide do racismo, com 400 anos sob regime de escravidão e mais 124 em um estado que não criou condições para acabar com isso. Dos 16,2 milhões de pobres existentes no país em 2010, 11,5 milhões eram negros, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Tem mais. Negros estudam em média 6,2 anos, contra 7,2 dos não-negros. Entre os analfabetos, somam 69%. Enquanto o salário médio dos demais brasileiros é de R$ 640,00 por mês, os afrodescendentes ganham R$ 464,00.
Socialmente mais vulnerável, jovens negros têm maior possibilidade de se envolver com a criminalidade – e consequentemente, se tornam os principais suspeitos. Cerca de 65% da população carcerária brasileira é negra.
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