A ideia de transferir a sede do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) não é do governo Dilma Rousseff (PT), como conjunto, mas do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (PSB - foto), conforme informa o líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães. Segundo diz, a proposta nunca foi tratada no núcleo dirigente do Governo Federal, não foi discutida com a presidente Dilma nem com o Ministério do Planejamento, responsável pela organização administrativa do Planalto. Guimarães disse à coluna que tal proposta é “coisa do Fernando Bezerra, que quer fortalecer a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba)”. A companhia fica na área de influência política do PSB e Bezerra é apadrinhado pelo governador pernambucano e pré-candidato a presidente, Eduardo Campos, presidente nacional da legenda. Nos últimos anos, o órgão tem gradualmente avançado sobre atribuições que antes cabiam ao departamento sediado na avenida Duque de Caxias. No Ceará, a hipótese de o Estado perder um dos mais importantes órgãos que sedia rendeu críticas à administração federal petista, inclusive de gente do PSB. Guimarães reage. “Que cobrem do ministro. Não é a posição do governo (transferir o Dnocs)”, diz o petista. “A menina dos olhos do ministro da Integração Nacional é a Codevasf. Não foi o PT que esvaziou o Dnocs”, acrescenta, lançando pressão sobre Bezerra – que acompanha Dilma hoje no Ceará.
Segundo Guimarães, o que o governo discute em relação ao Dnocs – e pergunta aos envolvidos – é a razão do órgão permanecer no atual estágio de inanição. Para o deputado cearense, a situação é resultado das más gestões que se sucedem desde a saída de Eudoro Santana, que comandou o órgão no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com aval do próprio Guimarães. Atualmente, Eudoro dirige o novo Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor), na gestão Roberto Cláudio (PSB).
Guimarães defende ainda que o Dnocs mude seu foco de atuação e passe a ser sobretudo órgão gestor de recursos hídricos, já que a realização das obras está a cargo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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