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01/12/2003

Nossa Voz - 2003: Ano de Conquistas

Pão em todas as mesas

Pão em todas as mesas

Ademir Costa

Diretor da AFBNB e integrante da coordenação da

Campanha Natal sem Fome no Ceará

Não se trata de um sonho vão, esperar lutando e lutar com a esperança de erradicar a fome. Basta o homem aderir à prática da equidade e não faltará pão para saciar a fome de cada pessoa. Porque já em 1974, quando eu iniciava no jornalismo, a FAO informava que a Terra produzia alimento para satisfazer o dobro de sua população. Com o avanço tecnológico registrado de lá para cá, seguramente, a produtividade aumentou.

Enquanto não se alcança o objetivo maior, campanhas paliativas são necessárias, como o Natal sem Fome. Mais uma vez os artistas globais aparecem na telinha com seu recado de que quem tem fome, tem pressa, solicitando que você doe pelo menos um quilo de alimento, nos postos de coleta, para ser levado a pessoas e comunidades onde a fome não é apenas uma palavra no dicionário e cujos moradores não exploram o termo em tese acadêmica. Eles apenas sofrem os males da falta de alimento.

Se você fica relutante entre dar ou não gêneros não perecíveis para a campanha, com teorias do tipo é melhor ensinar a pescar, saiba que a campanha tem cunho assistencialista mesmo, mas não só. Ela é um alerta para a consciência cidadã. E muitos já despertaram para este fato: sem alimento, o aprendiz de pescador não teria forças para lançar a rede. E se a lançasse e esta se enchesse, como na pesca milagrosa relatada no Evangelho, por falta de forças o pescador perderia os peixes. Claro: enquanto aprende, precisa comer. Elementar, não?

Deixemos certas teorias de lado e partamos para o prático. É necessário dar alimentos, sim, mas não só. É igualmente imperativo exigir do governo políticas públicas de segurança alimentar, emprego e renda, educação, saúde, essas coisas que estamos fartos de saber. Necessário se faz, igualmente, desenvolvermos ou apoiarmos iniciativas populares de desenvolvimento local, experiências de economia solidária que envolvam trabalho formal e alternativo. O governo faz de um lado e a cidadania do outro. Um dia a gente vence.

Há um argumento irrefutável para não fugir desta luta: a dignidade da pessoa humana. Dignidade humana do faminto que precisa sair desta. Dignidade humana dos membros do governo, que são pessoas e não abstrações para garantir a razão de ser do próprio governo, qualquer governo. E dignidade humana de nós cidadãos, para eliminarmos o constrangimento de pessoas como nós passarem fome ao nosso lado. Pense bem: pessoas como nós.

A menos que você defenda a existência de umas pessoas com mais dignidade humana que outras...

Última atualização: 30/11/-0001 às 00:00:00
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