A Camed e o “mercado”
A permanência da Camed no “mercado” apresenta idiossincrasias incontornáveis, provocando uma verdadeira crise de dupla identidade em nossa Caixa de Assistência. O “mercado” sabe que as despesas totais da Caixa, aí incluídas as despesas administrativas (instalações, equipamentos, insumos básicos, pessoal e material) são custeadas 50% pelos associados e 50% pela estatal BNB. Por causa disso, os empresários da área médica não aceitam dividir o “mercado” com uma empresa que, por ser fechada e sem fins lucrativos, não tem a mesma tributação de uma empresa aberta.
Estes predicados, no mínimo amorais, permitem à Camed condições mais competitivas e que, por isso mesmo, provocam a ira dos médicos-empresários e das cooperativas de médicos. Alie-se a isto os controles necessários para atuar no “mercado”, as esperas inúteis, consultas prévias desnecessárias, limitações descabidas, maçadas estressantes. Enfim, a precarização do atendimento da Camed, cujo padrão caiu consideravelmente.
O custo de um eventual insucesso será pago pelos mesmos que custearam esta aventura de se lançar no “mercado” e que, entre uma reserva de 8 milhões de reais em 1997 e uma dívida de 12 milhões em 2002, consumiram 20 milhões de reais.
Preocupa-nos sobremaneira que a Caixa insista nesta empreitada e aumente dia-a-dia o numero de contratos, já superando o numero dos assistidos estatutários. Quanto mais cresce a responsabilidade da Caixa e a sua fatia no “mercado”, maior será o ataque das empresas privadas, mais duro e sujo será o jogo da disputa. E se a Camed não engendrar no submundo da iniciativa privada, povoada de fraudes, sonegações, subornos, clientelismos e coisas tais, será alijada do sagrado “mercado”, ficando com os associados o saneamento financeiro do espólio.
E, quanto maior se propõe o vôo, maior o tombo.