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01/02/2018

Nossa Voz - 2017 de muita mobilização / 2018 para intensificação das lutas

RITA JOSINA – DEZEMBRO DE 2017

Nossa Voz - 2017 foi marcado por retrocessos em diversos setores e em direitos conquistados. Mas também foi um ano de resistências. Como você avalia o ano na perspectiva de uma entidade de trabalhadores?

 

Rita Josina - O ano de 2017 foi realmente muito difícil para a sociedade como um todo e principalmente para a população nordestina. Nós, que temos vivenciado uma história marcada por grandes desigualdades e pela negligência em muitas de nossas questões, temos visto um cenário de muitas incertezas no cenário político e de muita preocupação porque temos acompanhado mais de perto como essas questões são tratadas, como se elaboram as políticas, como se decidem o destino de toda uma população. Isso se traduz em ansiedade, em adoecimento. Temos visto isso enquanto entidades de trabalhadores. No BNB, isso termina refletindo no dia a dia, nas questões que a gente tem vivenciado bem de perto, principalmente nas agências do Banco, com o fechamento de algumas delas, descomissionamentos, reestruturações... Tudo isso objetivamente é uma realidade que a gente não desejava e que a gente não quer enquanto entidade de trabalhadores.  Temos sentido que realmente precisamos de uma maior mobilização, aliás, a própria mobilização é também um fator que nos inquieta porque nós sabemos que para que possamos avançar é importante que tenhamos uma maior participação, uma maior adesão das pessoas, dos trabalhadores. Isso não é o que acontece no nosso dia-a-dia porque dentro do nosso processo de educação a educação política não foi priorizada e nesses momentos de ataques e de crises a gente vê que isso realmente impacta na construção de destinos, na construção de novos rumos.

 

NV - Especificamente com relação à atuação da AFBNB, foram vários os desafios enfrentados no cumprimento de sua missão. Quais as principais lições de 2017 para a Associação?

RJ - Nossa articulação foi intensa nesse ano de 2017, tanto junto aos trabalhadores quanto com a sociedade e com o Parlamento. Foram várias inserções tanto no âmbito mais geral como também nas questões especificamente ligadas ao desenvolvimento, ao Nordeste, às instituições regionais e ao BNB.  

Participamos e promovemos vários debates em casas legislativas e fomos inclusive reconhecidos na Câmara dos Deputados, pela Comissão de Legislação Participativa (CLP), pelas várias sugestões encaminhadas. Isso é uma demonstração de que essa articulação tem gerado frutos.  Somos uma entidade de trabalhadores com 32 anos de um trabalho no âmbito das discussões em torno do desenvolvimento regional e do fortalecimento das instituições públicas; temos uma diretoria que está junto das bases; uma Assessoria muito forte que acompanha todo esse processo; temos as representações de base que fazem um trabalho muito bem feito junto às suas unidades, que participa de forma qualificada o que é possível ver nas RCRs, nos eventos realizados, a exemplo do seminário “Desenvolvimento regional, prioridade nacional”, realizado no auditório da Câmara Federal em agosto passado. Tudo isso é reflexo dessa organização e é algo muito positivo que precisa ser destacado porque é o resultado de uma trajetória que foi sendo construída dia a dia. Outra ação que merece destaque foi o fato de chamarmos a atenção para a questão regional dentro de instâncias políticas e de movimentos, como alguns comitês que integramos, agregando novos atores na defesa do próprio BNB.

Além disso têm as várias demandas e pendências nas relações de trabalho, Camed e Capef, e inúmeros assuntos que nos chegam como concorrências, carência de pessoal, falta de estrutura das agências, processos, questões que a base nos demanda e que norteiam nossas atividades. Ou seja, a atuação da AFBNB tem como alvo do dia tanto as questões internas quanto as questões mais externas. Nos vários debates que a gente tem feito, estamos sempre abordando todos esses aspectos.

 

NV - Na sua opinião, como você analisa a adesão de trabalhadores do BNB às lutas?

RJ - Acho que faz parte de um processo de amadurecimento, de conscientização, nós nos mantermos vigilantes às várias questões seja na vida pessoal social política econômica, termos nossos posicionamentos, nossas posições e também nossas manifestações. É um processo normal, sem paixões, sem partidarismo e sempre com muita razão. Temos visto que, do ponto de vista da sociedade, são tão gritantes as questões que estão aparecendo que demandam que a gente se manifeste de uma forma mais enfática, mais contundente, mais ousada, para que a gente possa barrar muitos golpes e ataques. Infelizmente na nossa sociedade não temos essa cultura, porque não está em nossa grade curricular - a participação, a emancipação - e termina que esse papel de representação, de manifestações, fica a cargo das entidades de trabalhadores ou de outros grupos que reivindicam para si esse direito. Mas isso deveria ser um processo normal: uma sociedade atuante, que se posiciona, uma sociedade democrática que escolhe seus eleitos e que deve participar. Nós não temos uma participação boa, infelizmente. Tem melhorado; se a gente for ver realmente a cada manifestação a gente percebe que existe alguma adesão, não no mesmo nível da necessidade, mas a gente tem visto sim algumas manifestações muito boas. Entendemos que isso preciso mudar. A sociedade não fez esse dever de casa, de escolher com determinação, não escolheu conscientemente e agora a gente está vendo aí todo o resultado. Mas sempre é tempo. Sempre em tempo de ler mais, em fontes fidedignas, em literaturas que tenham compromisso com a realidade e não fakes ou notícias que são plantadas pela própria mídia golpista. Temos uma série de artigos, de trabalhos publicados, da academia e de representantes de entidades... As opções são muitas então cabe ver onde estão o leque das informações que refletem a realidade para que a gente possa se posicionar, participar, atuar e estar juntos de bandeiras e de frentes que tenham um compromisso com a mudança e que fazem uma opção de lutar por um projeto de nação, com pensamento no coletivo, com interesses voltados para a mudança da sociedade, para a melhoria das condições da população de um modo geral e isso é bem diferente de lutar, de se posicionar e bem diferente de defender direitos particulares, que atendam as suas conveniências. Existem formas de lutar e cabe a cada um de nós identificar quais são essas frentes que estão aí, quais são as oportunidades que se apresentam e que levam realmente a um compromisso com a mudança.

Vou citar frases de Antonio Gramsci onde ele coloca o pessimismo na razão e o otimismo na vontade. E a gente pode acrescentar o realismo na ação. Não só razão, não só emoção, mas realismo. Sair um pouco do pessimismo, do otimismo e colocar realismo, procurar ter os pés no chão.

 

NV - Quais as perspectivas para atuação da AFBNB em 2018?

RJ - Acreditar sempre, não podemos desanimar. Essa deve ser a nossa perspectiva. Não podemos desanimar, não podemos baixar a cabeça e sim acreditar: no nosso potencial, na força da luta, em dias melhores, ou seja, é caminhar para a concretização de um sonho. Nós da AFBNB acreditamos isso porque temos uma prática que mostra que a luta sempre vale a pena; uma prática que mostra que estamos do lado certo, o lado dos trabalhadores; que mostra que a nossa luta é firme, é constante, é com autonomia, com resistência mas ela é também com unidade, focada na realidade, naquilo que a gente planeja e naquilo que a gente avalia. Então, enquanto dirigentes da AFBNB, acreditamos na capacidade de nosso povo, acreditamos que a democracia é possível e que os trabalhadores do BNB estão imbuídos dessa missão de fazer um mundo melhor, de construir a missão do BNB mesmo diante de todos os empecilhos e dificuldades, mas somos fortes, temos fé em dias melhores e isso é muito importante para a nossa luta.

Nosso sonho é que tenhamos mais adesão, que os trabalhadores possam se sentir responsáveis e partícipes desse processo. Tivemos agora recentemente uma eleição de representantes da AFBNB, alguns foram confirmados na sua representação, outros foram eleitos pela primeira vez. Temos muitos trabalhadores novos, assim como temos também trabalhadores aposentados que formarão, junto com os dirigentes da AFBNB, o Conselho de Representantes - que envolve funcionários bem novos do Banco, aposentados e também tantos outros que acreditamos que vão ser convocados para trabalhar no BNB porque a missão é muito grande e o número de trabalhadores que temos hoje é insuficiente para poder atender a toda a demanda do banco, para cumprir aquilo que acreditamos que é o nosso papel. Então temos que pensar em construir esse futuro, porque ele se faz aqui e agora.

Última atualização: 01/02/2018 às 18:10:07
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