O economista e funcionário aposentado do BNB, Cláudio Ferreira Lima, acompanhou o processo que deu origem à AFBNB. Ele esteve junto com a Associação em momentos fundamentais, a exemplo da luta durante a Assembleia Nacional Constituinte pela conquista do FNE. Confira trecho da entrevista:
AFBNB – Como a sua história se aproxima da história da AFBNB?
Cláudio Ferreira Lima - A AFBNB nasceu nas águas da redemocratização do país. Muitos daqueles que vieram participar dela haviam lutado duramente pela redemocratização. Todos se encontraram neste novo projeto, que era a construção de uma associação de funcionários para lutar pelo desenvolvimento do Nordeste a partir do seu principal instrumento, que é o BNB. Éramos poucos. Começamos a nos reunir depois do expediente – não cito nomes porque posso esquecer. Desses encontros, surgiu a necessidade de articular melhor a Associação. Aí, veio uma espécie de Comissão Provisória. Nós tivemos momentos importantíssimos que vieram a fortalecer essa ideia, na sucessão do Mauro Benevides – à época, presidente do Banco. Aí, esse pequeno grupo tomou uma posição firme com nota à imprensa. Eu tive a honra de ser o redator dessa nota que afirmava que nós não aceitaríamos uma solução clientelista para o Banco. E foi uma nota que teve tanta repercussão que o então Ministro, Ronaldo Costa Couto, da Casa Civil, ligou para o Lindenor (coordenador da Comissão Provisória). Isso repercutiu muito entre os funcionários do Banco, daí a razão de haver uma “avalanche” de companheiros querendo se filiar à nova Associação que passou, então, a ter maior força. Foram muitos que, de fato, se associaram. Outro momento importante foi a discussão do estatuto. Depois, houve eleição da primeira diretoria – recordo que a chapa vencedora era Vamos à Luta, encabeçada pelo Felipe Fialho. Teve também a Independência. Foi um momento democrático muito interessante. A Associação foi ganhando, principalmente, com a luta na Constituinte. Ela lutou para que o Banco e a região tivessem uma presença forte na Constituinte.
AFBNB - Como o senhor avalia a participação da Associação na criação do FNE?
Cláudio FL - A Associação tomou logo posição quando começaram os trabalhos na Constituinte. Ela passou a acompanhar. E o Banco foi solicitado pela Bancada do Nordeste a acompanhar esses trabalhos. Eu fui a pessoa escolhida para esse trabalho e o fiz sempre em sintonia com a AFBNB, para nós trabalharmos juntos. Aí, claro que nós tivemos participações constitucionais – o FNE foi uma mais concreta, digamos. Ela pode ser sentida pelo valor, pelo recurso, mas tivemos outras importantes também: uma espécie de constituição regional dentro da constituição brasileira. Então, são vários pontos importantes, começando já como objetivos fundamentais da República, que coloca o combate às desigualdades sociais e regionais.
AFBNB - Qual sua mensagem para os trinta anos da AFBNB de luta pelo Nordeste, pelo Banco, pelos trabalhadores.
Cláudio FL - Minha mensagem é sempre de otimismo diante de uma grande ameaça. Esse é o momento de nos unirmos cada vez mais, tirando o que tem de bom dessa caminhada de trinta anos para que nos fortaleçamos e enfrentemos essa nova situação que está se desenhando neste horizonte que a gente já começa a perceber no contexto dessa tentativa de mais um golpe no país. Nesse momento, seria ideal a união dos trabalhadores – buscar a união entre todos os trabalhadores. E a AFBNB tem, pelas suas características, um papel de vanguarda muito importante e pode, com isso, agrupar e reunir um maior número possível de entidades nessa luta contra o golpe, contra o país.
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