Com o tema “AFBNB - 30 anos de lutas e conquistas contra as desigualdades regionais e sociais”, a presidente Rita Josina, o ex-presidente José Frota de Medeiros e o funcionário aposentado do BNB, o economista Cláudio Ferreira Lima, se debruçaram sobre história, desafios e superações. A mesa foi mediada pelo diretor regional BA/SE, Rheberny Rodrigues Santos. Felipe Fialho fez intervenções, relembrando fatos que complementaram a fala dos palestrantes.
Cláudio Ferreira Lima foi um dos redatores dos artigos que criaram os fundos constitucionais (FNE, FNO e FCO). Ele relembrou o trabalho de interlocução política feito pela AFBNB e técnicos do BNB, nos bastidores, em Brasília, durante a Assembleia Nacional Constituinte e da vitoriosa empreitada, que resultou na inclusão dos artigos que criam os fundos FNE, FNO e FCO e sua posterior regulamentação, que também foi fruto de muita luta da Associação. O economista reiterou a importância do FNE enquanto principal fonte de recursos do Banco do Nordeste do Brasil, ainda hoje. Na oportunidade, Cláudio Ferreira Lima apresentou documentos históricos, alguns deles elaborados pela AFBNB, como a cartilha “Emenda Popular 70 - Desenvolvimento Sócio-econômico e Planejamento Descentralizado” e a campanha “292 Votos e uma só vontade” - de grande relevância durante o processo que culminou na criação do FNE.
José Frota de Medeiros falou de outras lutas que se seguiram, nas quais houve a ação da AFBNB. Ele citou as intervenções feitas durante os debates de recriação da Sudene, e as alterações no Projeto de Lei que recriava a Superintendência, que, nas palavras de Medeiros, “sangrava o BNB não apenas nas finanças, mas também na representação política”. A AFBNB teve papel central na reversão da medida - que excluía o BNB do Conselho Deliberativo da Superintendência e reduzia a taxa de administração. O ex-presidente da Associação citou outras “ratoeiras” que foram prontamente enfrentadas e desmontadas pela entidade, referindo-se a projetos, emendas e outras iniciativas que afetavam a região, os fundos constitucionais, o BNB e os trabalhadores.
Medeiros abordou ainda a atual conjuntura política. “Temos muito o que fazer. Pra onde o Brasil pende, pende toda a América Latina. Temos que estar mobilizados e organizados”, alertou ele para interesses internacionais sobre a crise brasileira, inclusive sobre o petróleo, uma vez que a produção dos campos de xisto estão em queda. Nesse cenário, de disputas e crises, é importante mais do que nunca reafirmar o papel das instituições de desenvolvimento. “O mercado não combate desigualdades sociais e regionais, daí a necessidade de um banco regional”.
Rita Josina, presidenta da AFBNB, falou do intenso trabalho de articulação feito pela atual gestão, em diversos espaços. “Do mesmo jeito que estamos sempre na base, ouvindo, dialogando, também procuramos a gestão do Banco, os parlamentares, outras instituições, sempre na perspectiva de construir soluções melhores para os trabalhadores, o Banco e a região”. Falou também da incompreensão dos papéis e das missões, por exemplo, quando a Associação defende a instituição BNB, mas não as gestões vigentes, e da retaliação sofrida pela entidade, como a exclusão do processo de negociação coletiva com o Banco e o fim da liberação dos dirigentes da entidade.
Rita Josina relatou cenário mais recente da atuação da AFBNB no acompanhamento das questões do Banco, citando problemas identificados e que levaram a Associação a fazer denúncias nos órgãos responsáveis, ação firme que, embora não compreendida por alguns - que achavam que expunha o Banco - foi necessária e acertada para estancar um processo em curso, de sangria do Banco e do erário, com impactos positivos que se refletem nos dias atuais.
Para ela, os percalços do contexto atual são tão preocupantes e desafiadores quanto os da época da criação da AFBNB. E concluiu convidando os representantes para serem cada vez mais empoderados, participativos e atuantes.
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